Por Adriano Sarney

O Maranhão é um dos cinco estados da federação com mais casos e óbitos. Isto se deve a uma série de medidas adotadas pelo governo do estado que não obtiveram o resultado esperado. Lembremos dos hospitais de 20 leitos no interior transferidos para os municípios e que o governo abriu mão de um planejamento do sistema de saúde que nesse momento poderia servir com maior segurança frente às decisões referentes a pandemia. Se não fossem a presença do Judiciário, governo federal, bancada federal, empresariado e Assembleia Legislativa, a situação do nosso estado estaria pior.

Segundo o sistema de informação do Ministério da Saúde, no final de 2014 os leitos de UTI na capital passaram de 22 para 224, 10 vezes maior do que em 2009. No interior, de 22 leitos para 207, quase 7 vezes maior.

O governo precedente também deixou 86 leitos completos de UTI para serem instalados nos hospitais macrorregionais, além de 55 leitos de curta duração nas salas vermelhas das Upas. Por que o governador destruiu a rede de hospitais construídos no interior e após seis anos no governo não construiu um sistema de saúde que atendesse a população? Por que o governo, mesmo sabendo das consequências dessa pandemia, não providenciou um mínimo de estrutura sanitária para diminuir os impactos sobre a população? Avisei as autoridades sobre os riscos da pandemia em janeiro, quando o vírus ainda estava na China. Passados cerca de três meses do início da presença do vírus aqui, já são mais de 30 mil casos confirmados e 911 mortos, fora as subnotificações. Para piorar ainda mais, agora o vírus se espalha pelo interior, sem que o governo possa prestar uma assistência hospitalar aos que mais precisam.

O governo federal já transferiu para o combate ao Covid-19 uma quantia milionária em recursos. E com o auxílio aprovado pelo Congresso Nacional para socorrer os estados, vai enviar quase R$ 1 bilhão. A bancada federal, senadores e deputados federais, já enviaram R$ 131 milhões. Os empresários bancaram e transportaram 80 respiradores e ajudam a construir hospitais de campanha, como o de Açailândia. A Assembleia Legislativa, além de aprovar importantes leis para superarmos este momento difícil, já distribuiu aproximadamente 200 mil cestas básicas e destinou R$ 2,1 milhões para aquisição de respiradores.

A pergunta é: o que o governo do Maranhão está fazendo além de gerenciar esses recursos, equipamentos, testes, EPIs, medicamentos que recebeu de outros poderes e doações? Onde estão sendo investidos os recursos do Tesouro Estadual já que não aplicam as emendas dos deputados estaduais (incluindo os R$ 3 milhões destinados pela oposição), não compram novos testes, não compram respiradores, não pagam auxílio aos desempregados nem ajudam as micro e pequenas empresas, não transferem créditos extras aos municípios, não abrigam pessoas com vulnerabilidade, não investem em medidas de prevenção das pessoas que tiveram contato com infectados? Podemos afirmar que uma parte desses recursos estão sendo gastos em propaganda. São milhões para promover uma realidade que não existe, confundir a opinião pública já pouco convencida.

Até mesmo decisões do Executivo estadual, como o lockdown, estão sendo de iniciativas do Judiciário. Inclusive quanto a isso, o governo estadual vem afirmando um êxito sem apresentar de forma transparente os dados e índices deste período. O governador, além de não gerenciar de forma eficaz os recursos que “caem no seu colo”, se exime de suas responsabilidades. Como diz Abraham Lincoln: “Pode-se enganar todos por algum tempo, pode-se enganar alguns por todo o tempo, mas não se pode enganar a todos o tempo todo”.

Resposta – Em contato com o Blog, o secretário de Saúde do Maranhão, Carlos Lula, solicitou a publicação de um texto onde ele contesta alguns dados apresentados pelo deputado Adriano Sarney. Lula também se disse à disposição do parlamentar para quaisquer outros esclarecimentos.

É preciso vencer a COVID

Politizar o debate sobre o coronavírus. É o que tenho visto desde o começo dessa pandemia. Costuma-se dizer que o Brasil tem milhões de técnicos de futebol. Pois bem, temos milhões de epidemiologistas de internet, virologistas de ocasião, oportunistas aos montes.

Não vou aqui tentar reparar “a verdade”, pois não sou detentor de verdade alguma. Em vez de lidar com “verdades absolutas”, eu vou trazer para vocês OS FATOS. Resta pouquíssimo espaço para malabarismos intelectuais quando colocamos evidências na frente do debate.

Em artigo recente o Deputado Adriano Sarney trouxe alguns números, que deixam bem claro o porquê de estarmos tão atrasados em relação ao país. Para se vangloriar de aumento de Unidades de Terapia Intensiva ao fim do governo de sua tia, afirma que em 2009 o Maranhão possuía 22 leitos de UTI na capital e o mesmo número no interior. Isso mesmo. Você não leu errado. 44 leitos de UTI era o que possuía a rede pública do estado, segundo o Deputado.

Pois bem, em 2009 já completávamos mais de 40 anos de governo de membros ou aliados da família do Deputado, de maneira praticamente ininterrupta. O que ele está a confessar no seu artigo é que, com grande eficiência, seus aliados políticos abriram praticamente um leito de UTI por ano de governo. Uma média impressionante, sem dúvida.

Bom, em 5 anos e 5 meses de Governo Flávio Dino, apenas os leitos de UTI adulta da rede estadual tiveram um incremento de 142%. As UTIS pediátricas e neonatais também tiveram expressivo aumento e, acima de tudo, tais leitos de elevada complexidade deixaram de pertencer a apenas duas cidades. Pinheiro, Santa Inês, Bacabal, Chapadinha, Caxias, Balsas são algumas das cidades que ganharam serviços com os quais sonharam durante cinquenta anos.

Bom, mas quero me ater ao Coronavírus. Desde o início da crise sanitária o Maranhão saiu na frente. Seja para retardar a chegada do vírus, com barreiras sanitárias em rodoviárias e aeroportos, seja para criar leitos de Unidade de Terapia Intensiva adicionais à sua rede. Em momento nenhum subestimamos o tamanho dessa crise, como o fizeram diversas lideranças locais. E cada um será julgado pela população de acordo com suas posturas.

O certo é que realizamos, de março até agora, apenas nas unidades de saúde do estado, mais de 15 mil atendimentos, quase 4 mil transferências entre UPAS e temos um número de recuperados de quase 9 mil. Com relação aos leitos de UTI, já são 416, apenas na rede estadual, exclusivos para o tratamento da COVID-19. Desde o início da pandemia, nossa média é de criação de mais de 5 UTIS POR DIA, bem próximo, como se percebe, à média da construção de 1leito de UTI POR ANO ao qual o Deputado fez alusão em seu texto.

Enfrentamos o desafio da interiorização do vírus, e isto em grande parte por conta da lógica clientelista de distribuição de serviços, que nunca obedeceu às diretrizes do SUS. Corrigimos isso em favor dos maranhenses e não em nome de um projeto oligárquico de poder.

Em todo caso fica aqui uma sugestão, sentar e dialogar com prefeitos, estudar um pouco mais sobre o impacto do vírus na nossa economia, conhecer as fragilidades históricas do Maranhão. Pensar soluções efetivas. Não é momento de pensar em eleição, não é momento de disputas político-eleitorais. É hora de todas as correntes políticas do estado estarem juntas com o objetivo de vencer a COVID-19. O vírus é nosso verdadeiro inimigo.

Do lado daqui, seguiremos na batalha incansável para salvar vidas. Quem quiser, de fato, contribuir, será bem vindo.