O polêmico julgamento do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que culminou com a absolvição da chapa Dilma Rousseff/Michel Temer (4×3), também deverá ter desdobramentos no Ministério Público e deve atingir em cheio o vice-procurador geral eleitoral, Nicolao Dino.

Nicolao Dino assumiu papel de destaque no julgamento e trabalhou insistentemente pela cassação da chapa, chegando inclusive a utilizar de um artifício duvidoso pela extemporaneidade. Com o julgamento já iniciado, Nicolao Dino pediu a saída do ministro Admar Gonzaga do julgamento.

O pedido, considerado tardio pela maioria da corte do TSE, não foi bem visto, pois entenderam que Nicolao Dino tentou “surpreender” durante o julgamento e sua atitude sofreu reprimenda do presidente do TSE, Gilmar Mendes.

“O Ministério Público tem que se pautar também pelo princípio da lealdade processual. Ele não pode surpreender o tribunal. Este fato não é conhecido do Ministério Público neste momento, é preciso que o Ministério Público assuma o seu papel e respeite o tribunal. Não se pode agir coagindo o tribunal ou fazendo jogo de mídia. (…) Vossa excelência hoje trouxe uma questão que está sendo colocada nos blogs de agora à tarde”, disse Mendes.

Nicolao Dino é um dos concorrentes a escolha do novo procurador-geral da República, em substituição ao atual Rodrigo Janot. Apesar de ser o preferido de Janot e favorito para constar na lista tríplice que será enviada para o Presidente da República, a decisão final caberá a Michel Temer.

O vice-procurador eleitoral já enfrentava outras dificuldades para ser escolhido. Uma delas é o fato de ser irmão do governador do Maranhão, Flávio Dino, e isso poderia atrapalhar politicamente a sua indicação, já que Temer é do mesmo partido de José Sarney (PMDB), a quem o governador maranhense escolheu como adversário, pela ira diria que inimigo, político.

Além disso, outros desdobramentos da Operação Lava Jato também podem atrapalhar a escolha pelo nome de Nicolao Dino. O irmão dele (Flávio Dino) ter sido citado nas delações da Odebrecht como um dos políticos que supostamente teria recebido propina e a prisão do assessor de Nicolao Dino, o procurador da República Ângelo Goulart Villela, acusado de receber dinheiro para repassar informações a um dos proprietários da empresa JBS, essas duas situações não deixam de atrapalhar a árdua caminhada de Nicolao.

Agora, a não cassação da chapa Dilma/Temer como queria Nicolao Dino e a consequente manutenção de Michel Temer na Presidência da República, pode ter sido a “pá de cal”, pelo menos temporariamente, no sonho de Nicolao em substituir Rodrigo Janot e se transformar no novo procurador-geral da República.