Blog do Zeca Soares

Até onde vai a ignorância cultural de alguns dos nossos políticos? Este é o assunto que trago para debate com vocês nesta sexta-feira. A discussão travada entre deputados oposicionistas e governistas, click ontem na Assembleia Legislativa trouxe à tona o completo desconhecimento de alguns dos nossos representantes sobre a nossa cultura.

Quem conhece os nossos músicos de longos carnavais ficou orgulhoso ao ver Alcione e Zeca Baleiro serem aplaudidos e festejados durante shows realizados no Marco Zero, tadalafil em Recife. É sempre bom ver maranhenses brilhando no cenário multicultural – um caldeirão sonoro que abre espaço, sales sem qualquer discriminação a qualquer artista, venha ele de onde vier. Até os Titãs tocaram em Recife e nem por isso o mundo acabou por lá.

Ora bolas, se os nossos artistas são aplaudidos lá fora, porque outros nomes reconhecidamente nacionais como Jorge Ben Jor, Timbalada e Diogo Nogueira não podem tocar aqui em São Luís? Num cenário multicultural, deputados o som que toca aqui pode tocar lá também, e vice-versa.

“Eu me lembro que quando o governador Zé Reinaldo trouxe uma atração que não era maranhense, a imprensa toda bateu muito, a imprensa toda ligada à governadora Roseana, e hoje os carnavais, as festas populares do Maranhão são feitas quase todas elas com atrações que não são maranhenses”, afirmou Marcelo Tavares.

“Agora, é muito fácil pegar um Jorge Ben Jor, um Diogo Nogueira em qualquer praça do Brasil, de graça, que vai encher, vai lotar. Mas esse não é o carnaval real, pois o carnaval real é o carnaval do povo, da iniciativa popular, das pessoas que se organizam e fazem as brincadeiras. Este é o carnaval real”, disse Bira do Pindaré.

Desconhecer a importância de Jorge Ben Jor para a música brasileira e desmerecer o trabalho dese jovem Diogo Nogueira e que encanta a nova geração com o melhor do samba é no mínimo a demonstração de miopia. O público lotou não foi porque foi de graça, mas pela qualidade dos dois artistas.

Mas a pergunta que gostaria de fazer ao deputado é que “carnaval real” é esse que faz com que muitos maranhenses deixem o estado e vão brincar no Rio de Janeiro, Salvador, Recife e Olinda? O senhor sabe responder Bira?

Se os argumentos de Bira do Pindaré e Marcelo Tavares estivessem corretos, ainda assim perguntaria então o que dizer sobre o carnaval no interior do Maranhão? Como esses deputados explicariam o fato de muitos prefeitos que eles apoiam terem levados bandas de forró eletrônico para animar a festa. Não está errado também? Não é mercado para os artistas maranhenses?

Os argumentos superficiais dos deputados não resistem a nenhum debate com aqueles que de fato conhecem o que é música, carnaval, cultura…

Quem nunca foi Fofão um dia?

Por fim, quero lamentar a visão completamente preconceituosa e atrasada do deputado Bira do Pindaré sobre o principal personagem do nosso carnaval – o Fofão. Na tentativa de atingir a pessoa da governadora Roseana Sarney e defender o prefeito Edivaldo Holanda Júnior, o deputado saiu com essa: “Se ele aparecesse, tenho certeza de que ele não ia escondido numa roupa de Fofão para ninguém reconhecer”.

Como jornalista e produtor cultural sou obrigado a dizer que a gente ouve coisas que nos deixam sem palavras. É melhor nem responder. Tenho certeza que um dia Bira e Marcelo já se vestiram de Fofão. Isto é, se esses deputados brincam mesmo carnaval no Maranhão.

Prefiro ficar com a alegria das crianças, jovens e adultos que a cada carnaval eternizam esse personagem que é a cara do carnaval do Maranhão – o Fofão.

Salve o Fofão!!!