Uma reflexão verdadeira e interessante

por Jorge Aragão

linchamentoPor Amon Jessen

O Maranhão voltou a ser notícia na mídia nacional e internacional, sales e mais uma vez por motivos drásticos, desta feita, por um ato de selvageria, um meliante foi espancado e linchado até a morte, tendo o seu corpo inerte sido despido e amarrado com cordas em um poste de iluminação pública, fato este, gravíssimo.

A vítima, juntamente com um menor infrator, tentaram assaltar a mão armada um estabelecimento comercial no jardim São Cristovão, e foram rendidos por populares que praticaram outro crime, de conhecimento exaustivamente de todos, sendo inclusive matéria do Programa Fantástico do domingo passado.

O bandido Cleidenilson Pereira da Silva, 29 anos, era contumaz em cometer delitos, embora fosse tecnicamente primário, tendo aliciado um menor para a sua derradeira empreitada.

Os fatos violentos de São Luís foram manchetes de vários jornais impressos, matéria de destaque em revistas semanais e blogs, aqui mesmo na capital do Maranhão no dia 07.07.2015 o jornal Estado do Maranhão, o de maior circulação, fez uma capa em que a foto da vitima amarrada ao poste era quase uma pagina inteira.

– Que tempo esses!

policialNo mesmo dia do linchamento, era cruelmente assassinado o policial militar Alex Amâncio (foto) com um tiro na testa ao ser abordado por um grupo de criminosos, na Zona Norte do Rio, mais um policial vitimado para engrossar as estatísticas dantescas, em que a cada 32h se mata um policial no Brasil. 75% dos policiais foram assassinados fora de serviço, justamente na sua vulnerabilidade, ou quando na sua folga buscava uma outra alternativa de suprir os aviltantes salários pagos para as policias, mostrando de forma transparente a falência das policias brasileiras.

O soldado não foi capa de nenhum jornal importante, não saiu em destaque nos jornais televisivos, raríssimos blogs comentaram o fato, com exceção de alguns poucos ligados à policia local daquele estado, foi apenas um policial assassinado, deixando na orfandade uma filha de três anos que dependia totalmente do pai. O quê dizer pra essa filha? As vezes, as palavras nada dizem.

O soldado Alex Amâncio era reconhecidamente um profissional exemplar, amava ser policial, e trabalhava em prol da sociedade no combate ao crime em uma cidade aonde é extremamente difícil ser policial, o outro, o Cleidenilson, estava em ponto oposto, tirando o sossego da população, o primeiro nenhum reconhecimento teve, não tendo direito aos “Direitos Humanos”, não ganhou destaque sequer na mídia, pois policial quando morre é só um numero estatístico, enquanto o segundo, virou matéria de mundo, e aqui não estou dizendo que a população fez algo correto, mas apenas busquei comentar, as desigualdades que são amazônicas.

Um dia nunca é igual ao outro, e os detalhes acabam fazendo a diferença. Depois do fatídico dia, mais outros policiais morreram Brasil a fora, e a historia se repete, ninguém comenta, e a dor é da família, como se o assassinato de um policial, fosse algo tão banal, para ser tratado como natural.

Qual de nós será a vítima da vez?

Posso compartilhar um sentimento? – o policial só tem valor na instituição quando esta produzindo, quando se aposenta ou morre, vira papel velho.

Amon Jessen.
Investigador de Polícia Civil e ex-presidente do SINPOL-MA

E agora meu caro Jean Wyllys, nada a declarar?

por Jorge Aragão

O deputado federal Jean Wyllys (PSOL), unhealthy no início desta semana, se posicionou sobre o lamentável episódio de linchamento ocorrido na capital maranhense. O parlamentar repudiou o ato e classificou de ‘psicopatas’ as pessoas que praticaram a barbaridade.

jeanface
Na quinta-feira (09), o jornal O Globo trouxe um episódio semelhante ocorrido no Rio de Janeiro, cidade de Jean Wyllys, onde uma pessoa sofreu tentativa de linchamento e só não foi assassinado por ter sido salvo por policiais militares.

No entanto, até o momento e curiosamente, Jean Wyllys não se manifestou sobre o assunto nas redes sociais, mesmo tendo ocorrido na sua cidade. Será que o deputado não teve conhecimento do fato ou só existem psicopatas em São Luís?

O “silêncio” do deputado federal fez com que o seu colega de parlamento em Brasília, o maranhense Victor Mendes (PV), lhe cobrasse publicamente um posicionamento.

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Com a palavra Jean Wyllys, isso é, se ele tiver algo a falar, pois pode optar pelo silêncio sepulcral.

“Linchamento é reflexo da ausência do Estado”, destaca Andrea Murad

por Jorge Aragão

andreanovaEsta semana em São Luís uma pessoa morreu e 2 foram agredidas em casos de linchamento na capital. As agressões ganharam repercussão nacional com o caso de Cledenilson Pereira morto na segunda-feira (06) por populares quando tentou assaltar um bar no bairro São Cristóvão. Quarta e quinta mais 2 casos foram registrados. A deputada Andrea Murad (PMDB), search falou na tribuna que os linchamentos são um reflexo do sentimento de insegurança da população que tenta fazer justiça com as próprias mãos. Ela repercutiu ainda o editorial da Folha de São Paulo desta quinta-feira (09) que relatou que os moradores “preferiram descontar sobre o ladrão toda a sua carga de revolta – originária, sem dúvida, das péssimas condições de segurança e de vida que se conhecem em qualquer localidade pobre do Brasil”.

“Temos que prestar atenção e ver é que o Maranhão virou terra de ninguém, terra sem lei. As pessoas sabem que não podem mais contar com a segurança pública, não têm como contar com o Estado, e aí querem fazer justiça com as próprias mãos, já que o Estado do Maranhão não cumpre com seu papel mantendo na Segurança Pública estadual um secretário que já demonstrou não ter mais condições de permanecer no comando da segurança porque não está conseguindo controlar a onda de violência no Estado”, disse a deputada.

A deputada relembrou o caso do Coroadinho, onde dezenas de famílias deixaram suas casas escoltadas pela polícia por causa das facções criminosas na região e mais uma vez criticou a falta de ação da segurança pública do estado que deveria conter cenas de barbaridade como se assistiu em todo Brasil esta semana.

“Será que é normal as pessoas saírem de suas casas para os bandidos assumirem o seu lugar? É normal agora a população linchar as pessoas no meio da rua porque o governo do estado, através da Segurança Pública do Maranhão, não cumpre com seu papel? Ora! O que as pessoas devem estar pensando? Eu vou me defender, defender os meus, defender minha vida, já que não podemos contar com a segurança do governo do estado. É errado? É errado! Se eu concordo? Eu não concordo! Mas isso é revolta e a polícia do Maranhão precisa agir para dar segurança às pessoas para isso não acontecer”, discursou.

Wellington do Curso repudia linchamento ocorrido em São Luís

por Jorge Aragão

wellingtonnovaO deputado Wellington do Curso (PPS) repudiou, na manhã desta terça-feira (07), o caso de linchamento ocorrido na tarde da última segunda-feira (6) em São Luís. Durante seu pronunciamento, o parlamentar conclamou a população a evitar o sentimento de vingança que, segundo ele, é um dos motivadores dessas práticas.

“Na tarde de ontem (6), a mais recente vítima de linchamento foi um jovem negro, de 29 anos, identificado como Cledenilson Pereira da Silva, que morreu após ter sido espancado por moradores da comunidade do bairro Jardim São Cristóvão. O jovem foi amarrado em um poste e agredido (linchado) até a morte. Este sentimento apenas alimenta a crescente onda de violência, observada nos últimos meses no Brasil. Ressalta-se que, numa sociedade democrática, o processo e a punição são feitos exclusivamente pelo Estado. Neste sentido, quando há ‘justiça’ pelas próprias mãos, há também um novo crime”, lamentou.

Para o parlamentar, muitas vezes os linchamentos ocorrem com a justificativa de garantia da ordem, mas, em geral, o argumento é de que essa prática ocupa a função de suprir a ausência da Justiça devido o mau funcionamento do Estado. “Os justiceiros, quando agem, agem em nome da ordem, mas, nestes casos de ‘justiçamento’, as ações praticadas não provocam a ordem, mas a desordem”, ressaltou.

Wellington também comparou os casos de linchamentos aos atos de violência contidos no Código de Hamurabi, de 1760 Antes de Cristo, que defendia o lema: “olho por olho, dente por dente”.

“Faço um questionamento aos senhores e qual a ligação que temos com o Código de Hamurabi de 1760 a.C, a Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1969 e um crime bárbaro diante dos nossos olhos, na manhã-tarde desta segunda-feira. Antes de Cristo, no Código de Hamurabi, já era prevista a Lei de Talião, olho por olho dente por dente, mas isso quase 2.000 anos a.C e já estamos em 2.000 anos d.C. Em 1969 foi proclamada a Declaração Universal dos Direitos Humanos, que defende que todo homem tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal, e ninguém será submetido à tortura, nem tratamento ou castigo cruel, desumano ou degradante”, disse.

O deputado destacou, ainda, a necessidade de o Governo liberar mais recursos para as políticas de Educação e Cultura no Estado.

“A frustração diante da omissão do Estado, enquanto Executivo, Legislativo e Judiciário, e a impunidade de praticantes de diferentes crimes, podem levar as pessoas a tentarem promover a chamada ‘Justiça com as próprias mãos’. Com isto, banaliza-se a vida e a prática da violência serve de justificativa para a própria violência. Neste caso, não se trata de uma questão de segurança pública, mas também uma questão de se educar as pessoas. O governo tem que rever as prioridades do Orçamento. Se formos investigar, veremos que é pouco o que é destinado para a Educação e Cultura no país e no Estado. De que adianta termos maior desenvolvimento econômico sem desenvolvimento humano?”, questionou. Vivemos num estado democrático de direito e não podemos ser omissos a tais práticas absolutamente ilegais. Vivemos em um país onde existem leis, o devido processo legal, julgadores e onde a pena de morte é vedada. O jovem deveria ter sido preso, processado e julgado a partir do acesso à Justiça e do devido processo legal. Reafirmo a necessidade de promoção da segurança e da cidadania a todos os maranhenses. Não podemos naturalizar a morte violenta de uma parcela expressiva da nossa sociedade. Precisamos de forma objetiva implementar um modelo de educação que tenha como princípios os direitos humanos e a dignidade da pessoa humana”, acrescentou o parlamentar.