Um alerta como presente de Natal

por Jorge Aragão

Por Joaquim Haickel

Fico imaginando a quem poderia interessar o estremecimento entre os dois políticos mais poderosos do Maranhão, na atualidade, Flávio Dino e Carlos Brandão.

Para analisarmos o que pode causar essa fissura, é preciso que se faça, de maneira correta, justa e consciente, um retrospecto dos acontecimentos.

Ninguém duvidava de que Flávio Dino seria governador do Maranhão. Eu mesmo disse durante a campanha eleitoral de 2010 que era apenas uma questão de tempo para Flávio se tornar governador, pois nenhum outro político no campo oposto ao grupo Sarney teria a capacidade dele para isso.

A eleição de Flávio Dino em 2014 foi fruto da união de diversas forças políticas, que se juntaram para derrotar o alquebrado grupo que outrora havia sido comandado, com sabedoria, pelo ex-presidente José Sarney.

A primeira eleição de Flávio portanto, não foi uma façanha pessoal. Ele teve mérito nela, mas, sua vitória não teria acontecido sem o decisivo apoio dos ex-governadores José Reinaldo Tavares e Jackson Lago, e de outras lideranças, inclusive algumas oriundas do próprio grupo Sarney.

Para compor a chapa encabeçada por Flavio, como candidato a vice-governador, Zé Reinaldo, em comum acordo com Jackson, indicou o então

A primeira eleição de Flávio portanto, não foi uma façanha pessoal. Ele teve mérito nela, mas, sua vitória não teria acontecido sem o decisivo apoio do ex-governador José Reinaldo Tavares e do grupo do ex-governador Jackson Lago, além de outras lideranças, inclusive algumas oriundas do próprio grupo Sarney.

Para compor a chapa encabeçada por Flavio, como candidato a vice-governador, Zé Reinaldo,, indicou o então deputado federal Carlos Brandão, enquanto o candidato ao senado seria o também deputado Roberto Rocha.

deputado federal Carlos Brandão, enquanto o candidato ao senado seria o também deputado Roberto Rocha.

Dino venceu a eleição e tratou seu vice com atenção e deferência, mesmo que nunca tenha dado a este, verdadeiro poder, fosse político ou administrativo. Brandão era o que era. Vice. E como tal funcionava muito bem.

Formado na velha e boa escola de tradicionais políticos maranhenses, Brandão é daqueles que sabem, entre outras coisas, que bom cabrito não berra.

Prepostos de Dino não davam a Brandão a importância que deveria ser dada a alguém que em uma eventualidade ou mesmo em uma fatalidade, seria governador. Se isso era verdade em relação àqueles que gravitavam o primeiro mandatário, não era em relação ao próprio, que tratava Carlos com consideração e respeito.

Todos sabem que não tenho afinidade política com Flávio Dino, mas isso nunca me impediu de reconhecer suas qualidades e seus méritos, nem de analisar os fatos que o envolvem de maneira isenta e objetiva.

Na sua segunda eleição, Flávio dependeu única e exclusivamente de si mesmo. Ele se elegeu sozinho, fruto de seu trabalho político, independentemente do fato de eu não achar esse trabalho assim tão excepcional.

Não sei se é verdade, mas dizem que para esse segundo mandato, pessoas próximas a Flávio quiseram mudar o vice, mas o comportamento ilibado, a correção e a lealdade de Carlos para com Flávio, prevaleceu.

Todos sabem que Dino usa o poder com bastante autoridade e competência. Todo mundo conhece sua verve fácil, sua grande cultura e seu imenso conhecimento jurídico, mas apenas certas pessoas têm coragem de reconhecer que em algumas ocasiões ele comete erros políticos elementares, como no caso do desnecessário descarte do ex-governador José Reinaldo e da construção eleitoral equivocada que culminou com a eleição de adversários seus para as prefeituras de São Luís e Imperatriz, as duas maiores cidades do Maranhão.

Os destinos de Brandão e de Dino já estavam traçados, porém mesmo assim Brandão foi submetido a meses de provação, pelo fato do adiamento da escolha do candidato a governador de seu grupo político. Aventaram até a possibilidade de ele ser nomeado para o Tribunal de Contas do Estado. Enquanto isso Brandão fazia tudo como manda a regra: bom cabrito não berra, e ele jamais berrou.

A alternativa a Brandão seria o senador Weverton Rocha, que nunca foi uma alternativa verdadeira, pois Flávio realmente nunca aceitou Weverton, por ver nele um lobo e não um cabrito.

Uma pessoa ligada a Flávio me perguntou se Carlos venceria a eleição sem apoio do ex-governador e em cima da bucha respondi que não, mas aproveitei a deixa e fiz uma pergunta ao meu interlocutor. Perguntei-lhe quem poderia facilitar bastante a vitória do grupo de Flávio, além de dar a ele tranquilidade e segurança. Eu mesmo respondi! – Só Brandão!

Depois de Carlos ter sido eleito governador no primeiro turno, de Flávio eleger-se senador (ele elegeu a si e aos outros últimos três senadores do Maranhão), e deles juntos elegerem quase a totalidade das bancadas estadual e federal do estado, é um absurdo que alguns pequenos detalhes possam ameaçar a paz, a harmonia e a tranquilidade deste grupo, que hoje não tem opositor no Maranhão, e que se continuar unido, tão cedo não terá!

Dizem que a eleição para presidente da Assembleia Legislativa e a indicação de nomes para o secretariado são os motivos do estremecimento entre Dino e Brandão, mas estes fatos não devem e não podem ser motivos capazes de gerar uma ruptura.

Nenhum governador até hoje, deixou de influir na escolha do presidente do poder legislativo estadual! Acordos podem ser repactuados, desde que isso seja feito com clareza, honestidade e coerência.

Nenhum governador pode ter em seu secretariado alguém em quem ele não confie, ou quem não o respeite, ou quem não lhe seja leal em primeiro lugar. Os cargos e os poderes inerentes a eles devem permanecer como acertado, mesmo que os nomes de seus ocupantes possam mudar.

Nada, eu repito e grito: NADA, deve fazer com que seja perdida a oportunidade de alavancar boas realizações para o Maranhão, através do grande prestígio que terá o ministro da justiça no futuro governo federal. Nada pode causar tal cisão. Nem a busca de espaço e de poder no governo estadual, por membros do grupo mais próximo a Flávio, nem a vontade do pessoal mais ligado a Carlos, de tentar pagar com a mesma moeda o que sofreram durante quase oito anos.

Quanto mais poder, mais responsabilidade. Flávio e Carlos precisam ser sábios, cautelosos e tolerantes, precisam ser verdadeiros estadistas, para não permitirem que seu grupo político se esfacele. Mais que isso, eles devem se entender pelo bem do Maranhão e de seu povo.

PS: Há um ditado popular que diz que “um mau acordo é melhor que uma boa briga”. Se não acreditam em mim, procurem em nossa história recente momentos semelhantes a estes. A história é bastante didática e esclarecedora.

Tempos inquisitoriais

por Jorge Aragão

Por Joaquim Haickel

A mim me repugna e enoja uma determinada quadra da história, e é ela também a responsável por minha total desafeição para com as religiões. Falo do período inquisitorial, onde a igreja católica, usurpando o poder político e social, e assumindo descaradamente o poder econômico, julgava de maneira abjeta e torpe, todo aquele que desejasse.

Sinto o mesmo em relação ao que está acontecendo no Brasil.

Aprendi que existem três sistemas processuais no ordenamento jurídico: o sistema inquisitório; o sistema acusatório; e o sistema misto, reformado, napoleônico ou acusatório formal.

O sistema inquisitório é caracterizado pela ausência dos princípios do contraditório e da ampla defesa. É marcado pela concentração das funções de investigar, acusar, defender e julgar, em uma única pessoa. Neste sistema o juiz concentra todas essas funções. Ele responde e atua como agente da investigação, da acusação, da defesa e como julgador.

O sistema acusatório caracteriza-se pela separação das funções de investigar, acusar, defender e julgar. O juiz é imparcial e as provas não possuem valor pré-estabelecido, podendo o julgador apreciá-las de acordo com a sua livre convicção, desde que faça isso de forma fundamentada e respaldada pelas leis estabelecidas por legisladores escolhidos para este fim.

O sistema processual penal misto tem como característica básica o fato de ser bifásico, com uma fase inicial inquisitiva, na qual se procede a uma investigação preliminar e a uma instrução preparatória, e uma fase final, em que se procede ao julgamento com todas as garantias do processo acusatório.

No Brasil o sistema processual adotado é o acusatório. Nossa legislação sabiamente estabelece os diversos atores do devido processo legal, dando-lhes nomes, funções e atribuições específicas no processo.

Isso posto fica a pergunta que não quer calar e a resposta que precisa vir principalmente das pessoas de bom senso, de critério, de respeito, com capacidade para se fazer ouvir e serem levadas a sério e em consideração: As ações do STF e o TSE, estão de acordo com o nosso ordenamento jurídico? Tais ações respeitam as nossa Constituição e as nossas leis infraconstitucionais?

Em minha modesta opinião, NÂO! O que estamos vendo, o que estamos vivendo, são tempos medievais, tempos inquisitoriais, onde um Torquemada usurpou o poder e estabeleceu o império das suas próprias leis.

Vivemos um momento de exceção tão grave quanto aquele do tempo do golpe de estado de 1964, que foi motivado pelo combate ao comunismo, insuflado pela Guerra Fria. Hoje temos como desculpa absurda e canalha, como pretexto cretino e hipócrita, o combate ao autoritarismo e a atos antidemocráticos inexistentes, caracterizados ao gosto do inquisidor de plantão.

Em minha opinião, o STF e o TSE acabaram com o devido processo legal, através da parcialidade, da prática de advocacia judicial e da não observância do nosso sistema acusatório, destruindo assim o pleno estado de direito, e cometendo, eles sim, atos antidemocráticos, ao desrespeitarem e descumprirem as normas legais contidas em nossa Carta Magna, que Ulisses Guimarães chamou de Constituição Cidadã.

Questionário para um eleitor consciente

por Jorge Aragão

Por Joaquim Haickel

30 perguntas para os eleitores de todas as tendências políticas. Aos que não admitem votar em Lula e aos que também não gostariam de ter que votar em Bolsonaro; aos liberais de direita que votam em Bolsonaro por desejarem o estado interferindo menos na vida das pessoas; aos da direita, que abominam Lula e a esquerda; e aos de direita mais extremada, aqueles que se equivocam ao achar o Bolsonaro um mito.

Esse questionário é também destinado aos sociais-democratas, àqueles que desejam que o estado interfira cada vez mais na vida das pessoas; àqueles de esquerda que abominam Bolsonaro e a direita; e àqueles radicais de esquerda que desejam a luta de classes, apoiam as ações do MST, o aparelhamento do estado e difundem as ideias de Gramsci.

As perguntas são simples e as respostas mais ainda. Devem ser sim ou não. Ao observarem suas respostas, estarão mais aptos e conscientes sobre em quem votar neste segundo turno das eleições presidenciais de nosso país. Vamos as perguntas abaixo.

01 – Você acredita que as leis devem ser respeitadas e cumpridas por todos, indistintamente?

02 – Você acredita que o poder judiciário tem sido parcial e não isento no que diz respeito aos julgamentos que envolvam políticos?

03 – Você acredita que a Operação Lava-Jato e o julgamento dos envolvidos e indiciados nela transcorreu de maneira correta?

04 – Você acredita que os promotores e juízes da Lava-Jato não foram isentos, mas sim parciais, e cometeram desvios de conduta no transcorrer deste processo?

05 – Você acredita que as condenações resultantes da Lava-Jato foram corretas e justas?

06 – Você acredita que havia um esquema de corrupção sistemática implantado na Petrobrás e em outras empresas estatais, no sentido de desviar dinheiro para beneficiar partidos e políticos?

07 – Você atribui o fato de ter havido milhões de dólares de devolução de dinheiro desviado da Petrobrás, ao esquema de corrupção que havia naquela empresa?

08 – Você acredita que os membros dos governos, dessas épocas, sabiam da existência desse esquema?

09 – Você acredita que membros dos governos, dessas épocas, se beneficiaram direta ou indiretamente com o dinheiro desviado nesse esquema?

10 – Você acredita que Lula sabia o que acontecia em seu governo?

11 – Você acredita que as acusações feitas contra Lula, nos processos da Lava-Jato, no tocante aos desvios de dinheiro público da Petrobrás e de outras empresas, são verdadeiras?

12 – Você acredita que as acusações feitas contra Lula, nos casos do triplex do Guarujá e do sítio de Atibaia são verdadeiras?

13 – Você acredita que Lula deveria realmente ter sido preso?

14 – Você acredita que o STF agiu corretamente ao anular os julgamentos de Lula, por erro de Foro?

15 – Você acredita que Lula é corrupto e ladrão?

16 – Você acredita que Bolsonaro está envolvido com milicianos?

17 – Você acredita que o governo federal mandou bilhões de reais para Estados e Municípios para o combate à epidemia de Covid-19?

18 – Você acredita que governadores e prefeitos desviaram o dinheiro mandado pelo governo federal para combater a epidemia de Covid-19?

19 – Você acredita que Bolsonaro é genocida, sendo responsável direto pelas mortes de mais de 600 mil pessoas durante a epidemia de covid-19?

20 – Você acredita que proporcionalmente o Brasil foi o país que mais comprou vacinas e aquele que mais vacinou contra Covid-19?

21 – Você acredita que o fato de Bolsonaro ser rude, bruto, grosseiro, mal-educado, deselegante, inconveniente, atrapalha o fato dele ser presidente da república?

22 – Você acredita que o fato de Bolsonaro falar impropérios, coisas que qualquer pessoa não falaria, por ser politicamente incorreto, faz com que Bolsonaro seja um mal presidente?

23 – Você acredita que o fato de Bolsonaro não saber se expressar de maneira elegante e mesmo correta, dificulta muito a relação dele com as pessoas, com os políticos e principalmente com a imprensa?

24 – Você acredita que o maior problema de Bolsonaro é na verdade mais como ele diz as coisas e menos como ele acaba por fazê-las?

25 – Você acredita que a imprensa faz campanha sistemática contra Bolsonaro e seu governo?

26 – Você acredita que a economia do Brasil, no governo de Bolsonaro, está melhor que nos demais países, principalmente os da América Latina, e em comparação com a economia brasileira dos últimos 10 anos?

27 – Você acredita que mesmo com todas as críticas pessoais a Bolsonaro, seu governo faz uma boa administração?

28 – Você acredita que Bolsonaro cometeu algum ato, fez alguma coisa que pudesse fragilizar ou colocar em risco o nosso regime republicano e a nossa democracia?

29 – Você acredita que, nos últimos tempos, o STF tem tomado posições políticas e não judiciais, principalmente para beneficiar alguns e prejudicar outros, inclusive desrespeitando os princípios constitucionais que ele deveria preservar e defender?

30 – Você acredita que Bolsonaro é corrupto e ladrão?

Se depois de você responder essas 30 questões, se depois de pensar sobre elas, ainda assim você não souber em quem votar, e não desejar comparecer a votação, é melhor se preparar, pois alguém vai escolher por você quem irá governar nosso país, pelo menos pelos próximos 4 anos.

Uma análise fria sobre as eleições presidenciais

por Jorge Aragão

Por Joaquim Haickel

Fria é uma palavra que exprime uma temperatura que não combina com o clima polarizado que tomou conta do nosso país, mas é a palavra e o sentimento que precisa se sobressair quanto se deseja analisar com o máximo de isenção e com a maior imparcialidade possível uma conjuntura.

Preciso deixar de lado qualquer resquício de opinião e de sentimento que por acaso eu tenha sobre este ou aquele candidato, sobre esta ou aquela proposta e sobre um ou outro lado nesta disputa. Desde logo digo que isso é uma tarefa muito difícil, pois o desapego àquilo no qual você acredita, nunca é uma coisa fácil de fazer.

Vamos aos fatos. São apenas quatro os candidatos citáveis nesta eleição presidencial, sendo que dois são coadjuvantes e dois protagonistas.

A disposição espacial destes candidatos é a seguinte: Lula está à esquerda do quadro e ao lado direito dele está Ciro, que por sua vez tem do seu lado direito Tebet e por fim, à direita dela está Bolsonaro. Desta disposição ninguém discorda, certo?

Os dois candidatos citados mais ao centro desta linha são os coadjuvantes e como tal atiram nos candidatos que se encontram nas pontas e jamais um contra o outro, pelo contrário, eles trocam figurinhas entre si.

A Tebet está fazendo um papel melhor que qualquer um poderia imaginar, mas é apenas e tão somente um papel, um roteiro, uma narrativa, ela está plantando algo que poderá ou não vir a colher no futuro.

O Ciro também está fazendo um papel muito melhor do que qualquer analista poderia imaginar. Ele está tão bem que até a mim, que tenho pavor de “bandido inteligente”, ele impressionou, ao ponto de cogitar votar nele.

Ciro é o mais preparado dos candidatos, e exagerando um pouco, posso dizer que se somarmos todas as aptidões e capacidades dos demais candidatos, ainda assim não superariam as dele, porém ele traz em si os piores germes dos dois protagonistas desta eleição, ele é tão temerário e irresponsável quanto Lula e tão autoritário e boçal quanto Bolsonaro, sendo que é muito mais inteligente e competente que ambos juntos. Tenho medo de gente assim.

Chegamos a Lula e Bolsonaro. Pobre e triste sina de meu amado país, ter que escolher entre estes dois sujeitos. Um representa o patrulhamento ideológico, o aparelhamento das instituições, o populismo hipócrita, a manipulação midiática, a corrupção deslavada. O outro representa a falta de respeito, a insensibilidade, o autoritarismo, a incapacidade de convivência social, o negacionismo.

Os defensores de ambos vão defendê-los com unhas e dentes e me acusarão de ser parcial ou partidário. Algumas das coisas que eu disse acima podem até serem contestadas, porém são coisas que se diz sobre ambos e que de uma forma ou de outra, colou a suas imagens, e um político nada mais é que aquilo que sua imagem representa!

Dizer que Lula não é ladrão é praticamente impossível, da mesma forma que negar que Bolsonaro seja genocida! Se é verdade ou não, isso não importa mais, para uns e para outros eles são isso mesmo.

Em 2018 Bolsonaro foi eleito como resposta a ideologia e aos políticos que durante vinte e quatro anos comandaram o Brasil, sendo oito deles encabeçados pelo PSDB e dezesseis pelo PT.

Bolsonaro teve 4 anos para demonstrar que poderia fazer melhor e até conseguiu fazer isso em muitos e importantes aspectos, como o da economia e das finanças, porém pecou absurdamente no aspecto político, diplomático e institucional. Seus acertos não são e não serão sentidos tão imediatamente, mas seus erros são instantâneos e refletem negativamente na hora que ele fala, nem precisando que ele venha a fazer o que diz.

Da mesma forma que a maioria do povo brasileiro disse não a Lula e sua turma em 2018, tudo indica que dirá não a Bolsonaro em 2022. O certo é que infelizmente o Brasil vai sair dessa eleição mais dilacerado e dividido. O certo é que sairemos menores e enfraquecidos, e se me perguntarem de quem é a culpa, eu direi, agora deixando de ser tão frio e imparcial. A culpa é de Lula, que poderia ter sido um grande líder, um grande estadista, mas preferiu ser o comandante de uma corrente ideológica e partidária. A culpa é de Bolsonaro, que não teve a capacidade de se portar como um estadista, de dar o exemplo que precisa ser dado por aqueles que têm a função de líder, que não foi capaz de entender os mecanismos da política e de ter a sensibilidade necessária para conviver com os antagônicos.

Nem morfologia, nem sintaxe. Lógica!

por Jorge Aragão

Por Joaquim Haickel

Resolvi analisar uma postagem de Lula, feita no Twitter, na tentativa de entender o que ele pensa de nós. Quem e como ele imagina que sejamos.

Dividi o texto postado por ele em três frases, para que a compreensão se torne mais fácil, sem dar margens para muitas dúvidas.

Vejamos:

“Eu quero ser presidente de um movimento pelo restabelecimento da democracia”.

Em primeiro lugar a democracia brasileira nunca esteve tão forte, pois ela tem aguentado ataques vindos de todos os lados e não dá demonstração alguma de enfraquecimento!

Ela tem sido atacada por quem deveria proteger a lei que a instituiu; é atacada pelo destempero de quem deveria administrar as ações que acontecessem por causa dela; é atacada pelo desleixo daqueles que deveriam trabalhar para aprimorá-la; é atacada pelos que deveriam noticiar a verdade sobre os acontecimentos gerados por sua existência; e por fim, inacreditavelmente, é atacada por aqueles que deveriam ser seus beneficiários.

Nesta frase, o autor tenta incutir na cabeça do leitor desavisado, a necessidade de termos um salvador, um messias, alguém que venha nos salvar de alguma coisa que ele diz que existe, mas que todos sabem que não é real.

Em segundo lugar, se alguém atenta contra a democracia, são aqueles que descumprem as leis estabelecidas, a lei civil, a lei penal, a lei constitucional, como tem sido comprovado recorrentemente, como é o caso do autor da frase e de seus asseclas.

Tudo bem que hipocrisia e mentira não são crimes tipificados em nossos códigos, pois se fossem, quase todos seriam criminosos.

“Que a gente possa colocar no coração de cada um de nós a indignação contra a miséria, a pobreza e o desalento que está caindo hoje nesse país”.

Ora!… Nosso país foi governado durante 24 anos por partidos de ideologia esquerdista, dezesseis dos quais pelo PT, partido do autor desta frase. A pergunta que precisa ser feita, é por que nos 16 anos que eles estiveram no poder, e seu poder foi imenso naquela ocasião, eles não acabaram ou pelo menos minimizaram “a miséria, a pobreza e o desalento” do povo deste país? Como é que “a miséria, a pobreza e o desalento” de agora podem ter surgido repentinamente, se ela já não existisse desde antes?

Existem várias respostas para essa pergunta. A primeira é que esse tipo de pessoa, e principalmente de político, só consegue manter o poder se houver miséria, pobreza e desalento, pois a ideologia deles é quase uma religião. Eles vendem esperança, a eterna esperança, aquela mesma que para existir, precisa que a realização do objetivo aventado, jamais se realize.

Como alcançar o objeto da esperança é muito difícil, o tempo inteiro o indivíduo fica cativo desse tipo asqueroso de político, que lhe oferece um fio de esperança, dando-lhe pequenas porções de alento, para causar-lhe uma leve sensação de conquista, que logo se apaga, necessitando de mais injeção de esperança e assim sucessiva e eternamente. Uma verdadeira escravização.

Se não houvesse miséria, pobreza e desalento, e existisse em contrapartida, abundância, riqueza e conforto, não precisaríamos de grandes disputas políticas e todos poderíamos ser “socialistas”, pois todos seriam minimamente desiguais, e se isso acontecesse, não precisaríamos de políticos para nos prometer redenção e nos iludir com esperanças fugazes e falsas.

A imagem que me vem à mente quando leio, vejo ou ouço essas pessoas, me remete às revistinhas em quadrinhos de minha infância, onde um cocheiro segura uma vara de pescar com uma cenoura pendurada na ponta, colocada à frente de um animal que arrasta a carroça, fazendo com que o pobre coitado trabalhe na esperança de pegar o alimento.

Ora, se é verdade que o objetivo dessa gente é acabar com a desigualdade, a injustiça, a dificuldade, se eles realmente acabarem com essas mazelas, qual poder eles vão almejar? Entender isso é indispensável para a compreensão do contexto político, o nosso e o de todos.

Esse tipo de gente, essa esquerda, busca uma coisa que não deseja realmente encontrar, até porque se o fizerem, destroem-se a si mesmos!

Em muitos aspectos a esquerda brasileira é diferente de esquerdas de países como Estados Unidos e Dinamarca, por exemplo, que conseguem se manter numa linha mínima de ação, com coerência e lógica, e veja que ao dizer isso, não estou generalizando.

Mesmo que eu discorde e me oponha a eles, existem esquerdistas, socialistas e até comunistas que não são mal-intencionados, que não são criminosos, que não são canalhas.

Na frase final da postagem, o autor diz:

“Vamos juntos pelo Brasil. Bom dia!”

Em minha modesta opinião, Lula foi um bom governante em seu primeiro ano de governo, entre 2003 e 2004, enquanto estava fascinado com o efetivo poder. Nos anos seguintes, rendeu-se ao lado negro da força e enveredou por um caminho onde a manutenção do poder era a única coisa que interessava a ele e aos seus comparsas, e não ao povo brasileiro e ao Brasil.

PS: Antes que algum palhaço venha reclamar, quando digo “lado negro da força” faço uma referência a Star Wars, de George Lucas. Minha frase nada tem de preconceituosa. Quem desejar, pode substituir a expressão usada por Lucas por outra, como “obscuro”.

Em quem votar!?…

por Jorge Aragão

Por Joaquim Haickel

Outro dia, em uma reunião na casa de amigos, uma senhorita pensou que iria me constranger, ao me perguntar em quem eu irei votar para presidente.

Eu disse à bela e aparentemente inteligente moça que me fez tal pergunta, que eu ainda não sabia em quem iria votar, mas que tinha certeza daquilo que a pessoa em quem votarei precisa ter para conseguir minha atenção e meu voto.

Disse a ela que não importa o sexo do candidato, pode ser homem, mulher ou outro qualquer; que precisa ter o mínimo de coerência entre seus pensamentos, falas e ações; que seu partido não pode estar nas extremidades do espectro político nacional, pois não admito extremismos, e dou preferência às ideologias posicionadas em torno do centro, um pouco mais para à esquerda ou à direita, tanto faz. Que seja uma pessoa que defenda os valores da cidadania, a democracia, a livre iniciativa, as liberdades individuais; que não seja sectário, maniqueísta ou hipócrita.

Enquanto eu falava, podia ouvir as engrenagens do cérebro da tal moça e de outras pessoas presentes estalarem, computando o gabarito da prova a qual estavam sendo submetidos com a minha resposta à pergunta que me havia sido feita em tom de desafio.

Ao final me dirigi a senhorita que me fez a pergunta: “Você discorda de mim quanto aos ingredientes que um candidato precisa ter para que pessoas inteligentes, esclarecidas, do bem e de bem, como nós, eu e você inclusive, possamos votar?

Ela sorriu e de certa forma aquiesceu, mas a impressão que eu tive é que ela vai votar em uma pessoa na qual ela tem certeza de que não possui os ingredientes e as qualidades que eu citei. Fiquei com a impressão que ela vai votar para eliminar da cena política alguém que ela acredita ser mais nocivo que outros candidatos. Nessa hora eu me identifiquei muito com ela, mesmo sabendo que há uma grande possibilidade de votarmos em candidatos diferentes.

Nem sonhando!…

por Jorge Aragão

Por Joaquim Haickel

De tanto falar sobre política, acabei sonhando com ela.

Durante vários dias, nas mais diversas rodas de amigos, meu assunto foi recorrentemente política. Todo mundo debatendo o futuro de nosso país, dilacerado por uma radicalização absurda, que anestesia e cega até as pessoas mais inteligentes e sensatas, que se deixam levar pela ideologia ou pela paixão, coisas incompatíveis com o debate sadio de ideias e a boa convivência.

Tenho uma teoria bastante simples sobre a observação e a análise dos fatos e dos cenários políticos, independentemente da posição em que se encontre o observador ou o analista. O fato é que quem se dispuser a observar, analisar e comentar a política, não pode para isso, jamais usar o coração, o fígado, ou o bolso, nesse intento.

Na análise da política deve-se usar tão somente o cérebro, de forma pragmática e cartesiana, caso contrário o trabalho será contaminado pelas enzimas provenientes dos citados órgãos. Do coração, metaforicamente falando, podem advir sentimentos, emoções e paixões que certamente comprometeriam a observação e a análise, desvirtuando os comentários que se fizesse.

Da mesma forma, o fígado não pode ser usado, pois a mágoa, o rancor, e a raiva (metaforicamente) produzidas neste órgão embaçariam qualquer conclusão a que se pudesse chegar.

O bolso, em que pese não ser um órgão intrínseco do corpo humano, é um órgão essencial para nossa sobrevivência, mas nem mesmo assim se pode pensar em política alavancado por ele, sob pena de pendermos para o lado em que iremos enchê-lo, e ficarmos contra aquele que irá esvaziá-lo.

O certo é que em meio àqueles dias conturbados de intensos debates políticos, exausto, fui para casa e simplesmente apaguei, depois de tomar um demorado e relaxante banho.

Naquela noite, o sonho que tive foi muito revelador. Sonhei que eu era o apresentador de um programa de entrevistas em um grande canal de televisão e que naquele dia estava recebendo a visita de dois importantes convidados, dois dos maiores expoentes políticos do país, um esquerdista e outro direitista.

Eram políticos acima de qualquer suspeita. Homem íntegros, corretos, coerentes e respeitados por suas posições sinceras em cada um dos dois campos antagônicos da política.

Eu havia me preparado para aquele programa em especial, pois admirava os dois entrevistados, principalmente por sermos nós três, antigos e bons amigos.

Aquele programa teria uma sistemática diferente. Eu faria algumas perguntas para cada um deles separadamente, para que a resposta de um não influenciasse, limitasse ou possibilitasse que o outro se aproveitasse das respostas de seu antagonista.

Assim foi feito. Perguntei ao primeiro se ele, sendo uma pessoa tão correta, não se sentia de alguma forma constrangido por apoiar e votar em um candidato que é tido como homofóbico, misógino, racista, além de fascista, sem contar que ele é abertamente negacionista.

Ao segundo entrevistado perguntei algo bastante semelhante. Uma vez que todos sabiam de sua retidão de propósitos e de princípios, se ele não se sentia de alguma forma constrangido por apoiar e votar em um candidato que, tendo sido durante oito anos presidente da república e comandante de um grupo político que governou o país por quase 16 anos, aparelhou o governo, minou as instituições, quase destruiu nossa economia, tirou de nós a condição de bons parceiros comerciais, deixou esse país com 13 milhões de desempregados e foi condenado por corrupção, entre outras coisas.

Na segunda rodada perguntei a cada um dos dois convidados, se eles acreditavam que seus candidatos a presidente da república teriam condições de reverter as expectativas que o eleitor bem informado e consciente tem sobre cada um deles.

A terceira e última pergunta que fiz a cada um dos entrevistados, cada um separadamente, foi um pouco mais complicada. Perguntei se eles avalizariam seus respectivos candidatos quanto às seguintes questões: Se o primeiro poderia garantir que seu candidato deixaria de ser irascível e boçal; Se ele não mais se portaria de forma vexatória e ridícula, jogando na lama a liturgia do cargo presidencial; Se ele deixaria de ser preconceituoso no que diz respeito a raça, sexo, gênero e outros assemelhados; se ele poderia garantir que seu candidato se manteria fiel ao juramento que fez de defender a república e a democracia.

Ao segundo entrevistado a pergunta foi semelhante no sentido do aval, mas os itens a avalizar foram diferentes. Perguntei se ele poderia garantir que seu candidato não voltaria a operar as mesmas práticas que fizera no passado, como estabelecer esquemas de fraude e corrupção nas instituições e empresas nacionais; Se ele poderia garantir que os interesses nacionais não mais seriam colocados de lado, dando prevalência para a construção de uma sistema supra nacional de politica comunista, financiando países estrangeiros; Se seu candidato não iria usar o poder que tivesse nas mãos para romper a liberdade individual dos cidadãos, a liberdade de opinião, a liberdade jornalística, inclusive estabelecendo formas de controle da imprensa e da mídia.

Quando eu iria, ainda no meu sonho, começar a segunda parte do programa, no qual eu chamaria os dois entrevistados, meus amigos, para sentarem-se comigo à mesa do debate, eu despertei assustado, como se tivesse presenciado algo absurdo. Uma verdadeira tragédia.

A sensação com a qual fiquei, foi que os entrevistados daquele programa onírico, teriam dito que acreditavam piamente que seus candidatos são os políticos mais corretos, coerentes, honestos, bem preparados e aptos a dirigir nosso país da melhor maneira possível, que nada do que se diz sobre eles, tem o menor fundamento, que tudo é narrativa para manchar suas imagens de grandes políticos, cidadãos dignos de receberem o voto da população brasileira.

Até em sonho eu estou decepcionado com a classe política, pois não aceitar a verdade é uma coisa inadmissível, para qualquer pessoa comum, muito mais para uma que interfere diretamente em nosso destino.

Quem tem medo de…

por Jorge Aragão

Por Joaquim Haickel

Eu era muito jovem quando assisti pela primeira vez ao filme, “Quem tem medo de Virgínia Wolf?”. Na época, aquele não era o tipo de filme que eu apreciava, mas o título chamou muita minha atenção desde a primeira vez que o vi, inclusive ele me serve até hoje como referência, para quando eu preciso saber que medo alguém ou alguma coisa possa causar para mim ou para outras pessoas.

Lembro de já ter usado esse artifício, substituindo o nome da magnífica escritora inglesa pelo de meu pai, Nagib Haickel, pelo de Sarney, pelo de Lobão quando eu trabalhava com ele, pelo de Roseana, pelo de Lula e mais recentemente fiz a mesma coisa com o nome de Flávio Dino e de Bolsonaro. O resultado é sempre bastante esclarecedor.

Ontem, zapiando nos canais de streaming, deparei-me com esse filme, que é estrelado por Elizabeth Taylor e seu, várias vezes marido, Richard Burton. Taylor inclusive ganhou um Oscar em 1967 por sua atuação como Martha, personagem principal dessa obra, adaptada por Ernest Lehman da peça de mesmo nome, escrita por Edward Albee, para o filme dirigido magistralmente por Mike Nichols.

Fiquei imaginando a quem adaptar o título daquela obra, neste momento. Poderia ser novamente a Lula ou a Bolsonaro, mas nesses casos, seriam perguntas fáceis de responder. Todo mundo sabe quem tem medo de um e de outro. Todo mundo está cansado de saber que medo cada uma dessas figuras faz aflorar e em quem.

Resolvi então fazer a tal pergunta e usar no lugar do nome da senhorita VW, o nome de meu amigo Carlos Brandão, que acaba de assumir o governo do Maranhão, em substituição a Flávio Dino.

A primeira resposta que me veio à cabeça foi o nome de Weverton Rocha, que jura de pés juntos que não teme o hoje governador, mas eu acho que deveria, pelo menos um pouco, afinal de contas, sentado na cadeira e com a caneta em punho, qualquer um é de causar medo.

O segundo nome que me veio à mente foi o de Flávio Dino, até porque qualquer coisa que se diga no Maranhão, tem de ser referenciada por ele, afinal ele governou nosso Estado, sem compartilhar ou dividir o poder com ninguém, durante 87 meses, 2.654 dias, de forma quase tão absolutista quanto Luís XIV.

Mas não acredito que Dino deva sentir qualquer tipo de medo em relação a Brandão. Carlos será leal e não fará nada que macule a amizade que há entre eles. Porém, se eu fosse Flávio, ficaria morrendo de medo de todos os outros políticos do Maranhão, pois cada um deles, que foi destratado, ou tratado mal pelo ex-governador, não vai deixar escapar a oportunidade de dar-lhe alguma forma de troco, pelo tratamento que lhe foi dispensado. Isso certamente é motivo suficiente para causar medo, e dos grandes.

E o povo do Maranhão, teria algum motivo para ter medo de Carlos Brandão? Penso que não. Carlos é um homem de boa índole e boa formação, devotado à família, amigo de seus amigos… Um sujeito de hábitos simples, equilibrado e sem ambições desmedidas ou extravagantes.

Acredito que uma das maiores ambições do atual governador é também uma que eu teria se estivesse no lugar dele: Ser conhecido e reconhecido como um bom governador, não como um sujeito que promete coisas mirabolantes que sabe ser impossível de realizar, mas um governante capaz de dar o melhor de si para conseguir o melhor possível para seu povo.

E os políticos!?… Será que eles têm motivos para ter medo de Carlos Brandão? Não creio, até porque parece que ele está trazendo para seu lado quase todos eles! Os que não vierem agora, caso Brandão vença a eleição, vão acabar, de alguma forma, se aproximando, pois um político sábio e experiente, não descarta apoio.

No final, a conclusão a que chego é que medo não é uma coisa que se deva sentir em relação a Brandão, porém é bom lembrar que ele é um sertanejo, e como disse o grande Euclides da Cunha, o sertanejo é antes de tudo, um forte, e forte aqui deve ser entendido como lutador, alguém que não foge da luta, alguém que sabe por que e por quem lutar, alguém que como meu pai, “Dá um boi para não entrar numa briga, mas depois de estar nela, dá uma boiada pra não sair”.

Uma grande oportunidade

por Jorge Aragão

Por Joaquim Haickel

Já faz algum tempo comentei com alguns amigos, que a política do Maranhão tinha tudo para passar de um patamar conflagrado, cheio de disputas e intrigas, para um estágio de evolução, onde a união, a paz e a prosperidade, tomariam o lugar das acirradas divergências de outrora.

Disse a eles que isso aconteceria quando do natural declínio hegemônico do grupo liderado pelo ex-presidente José Sarney, mas não antes de haver um acirramento entre este grupo e um outro que quisesse se estabelecer em substituição a ele, mas que isso não perduraria, pois as mudanças geracionais, culturais e políticas não permitiriam que continuassem a existir hegemonias como aquela, e como tantas outras que existiram por nosso país.

Eu sempre disse que Flávio Dino seria governador do Maranhão, e que tentaria se firmar como liderança que se igualasse a Sarney, mas sempre soube que isso não aconteceria, não que Flávio não tivesse capacidade para isso, mas pelo fato de só ter sido possível existir uma liderança como a de Sarney, porque no tempo em que ela nasceu e se consolidou, era possível que isso acontecesse. Hoje em dia, lideranças como aquelas não são mais plausíveis nem possíveis de existir. Os tempos são outros.

Previ que se passaria por um breve interlúdio, gerado pelo declínio natural de quem permaneceu tanto tempo no poder, e o novo poder estabelecido. Que haveria uma fase de transição, que a princípio poderia parecer e até em alguns casos, ser, violenta, mas que com o arrefecimento dos ânimos, graças a sabedoria do antigo morubixaba, e pelo rápido amadurecimento do novo cacique, as coisas poderiam se consolidar de forma a fazer com que caminhássemos todos para um tempo em que o Maranhão marcharia junto, mesmo que não totalmente unificado, em busca de tempos melhores.

O que eu não previ é que isso seria feito pelas mãos de alguém que fosse desprovido de maiores ambições, que fosse alguém que não causasse medo nas pessoas, alguém que não usasse o poder para intimidar ou submeter, correligionários e adversários. Não imaginei que teria que ser manso, o artífice desta obra.

Eis que surge Carlos Brandão, homem simples, de temperamento afável, comedido, simpático, que pela sua forma de ser, pode conseguir, graças ao ambiente que temos hoje, graças às mudanças sociais, políticas e culturais que ocorreram nos últimos tempos, uma coisa que nem Sarney nem Dino conseguiram. Juntar todos os políticos do Maranhão… Se não todos, pelo menos os mais relevantes eleitoralmente, em torno de um projeto de ESTADO, onde mais importante que grupos e partidos, seja realmente o povo e a organização administrativa que o agrega.

Lembro que também previ, e parece que nisso eu errei feio, que haveria um grande acordo entre as duas bandas do grupo liderado por Flávio Dino. Brandão seria candidato a governador, Weverton indicaria o candidato a vice, e até ao senado, caso Dino fosse candidato a vice-presidente da república.

Sempre soube que o candidato sendo Brandão, pela boa relação que ele sempre teve com importantes figuras ligadas ao ex-presidente José Sarney, o grupo iria apoiá-lo, pois este seria um movimento natural, e seguir os movimentos naturais é uma das regras fundamentais e imutáveis da boa política.

Os movimentos refratários e persecutórios ao grupo Sarney, de forma indiscriminada, perpetrados por Flávio Dino, assim que assumiu o poder, se mostrou eficiente por um lado e inócuo por outro, pois se aquilo serviu para ele fazer uma limpeza no ambiente, acabou matando junto, a oportunidade de unir quase todos os políticos do Maranhão em torno de si. Essa oportunidade Brandão tem agora.

Mas para que isso aconteça, de maneira retumbante, precisaria que o senador Weverton Rocha entendesse que o momento não é de confronto, que apesar dele não perder nada, caso não vença a eleição ao governo, pelo fato de ter ainda quatro anos de mandato de senador, ele deveria pensar naquilo que poderia ser mais interessante para seus companheiros, que não são poucos nem fracos, que correm o risco de ter no mínimo contra si, a má vontade do próximo governador e da próxima administração estadual.

Por outro lado, infelizmente, ainda consigo identificar, principalmente no grupo ligado a Brandão, pessoas com um velho pensamento, algo mais antigo que o vitorinismo, do tempo em que Benedito Leite e Magalhães de Almeida mandavam em nosso Estado, gente que tem um lema, que em minha opinião sintetiza o que há de pior na política e na vida: “Quanto menos somos, melhor passamos”. Existem pessoas assim também do lado de Weverton, mas acredito que Brandão, nem as pessoas mais importantes, próximas a ele pensam desta forma, e acredito que Weverton também não.

Em minha modesta opinião, o melhor que poderia acontecer para o nosso ESTADO, para a nossa GENTE, seria que os grupos políticos majoritários de nossa terra entrassem em um grande acordo, e que não houvesse disputa, entre eles, quanto aos cargos majoritários no Maranhão, em 2022. Penso que assim todos sairiam ganhando.

Isso não é coisa fácil de acontecer, mas nada impede que seja tentado! Digo isso como livre pensador que sou. Livre e pensador o suficiente para saber que muitas vezes, existem coisas que estão à nossa frente, coisas obvias, e não as enxergamos nem ouvimos, até que uma criança ou alguém a quem não damos importância, nos mostre.

PS: Lembro a você que me lê agora, que em uma contenda, existem aqueles que ganham mais com ela que os próprios contendores. São os apostadores, que muitas vezes não arriscam nada na disputa, mas ganham muito com ela.

Sobre 2022…

por Jorge Aragão

Por Joaquim Haickel

Um empresário amigo meu me ligou pedindo que eu comentasse sobre os possíveis caminhos que a política do Maranhão pode tomar, e resolvi postar aqui hoje, o que eu disse pra ele naquela ocasião.

Falei-lhe sobre alguns dos cenários que poderão se materializar em 2022, me abstendo de dar minha opinião pessoal e valorativa em relação a qualquer uma das possibilidades ou a política em si.

Primeiro busquei enxergar as coisas do ponto de vista do grupo do governador Flávio Dino.

Acredito que a melhor opção para Flávio seria ele ser candidato a vice de Lula, fato que é bastante plausível. Neste cenário Brandão seria candidato a governador e Weverton indicaria os candidatos a senador e a vice de Brandão.

Porém há uma variável neste contexto. A montagem de um cenário ainda maior, algo mais monumental, que resultasse em uma ampla coalisão, que envolvesse também o grupo Sarney, o que sacramentaria de uma vez a eleição de todos, sem que muitas forças, políticas e financeiras fossem despendidas.

Neste caso a vaga ao senado ser oferecida ao grupo Sarney, cabendo a Weverton aceitar indicar o suplente de senador e o vice-governador.

Essa arquitetura seria digna de um Oscar de melhor direção de arte.

Outra boa opção para Dino seria ele ser candidato a senador, Brandão a governador e Weverton indicar os candidatos a suplente de senador e vice-governador.

Aqui também pode haver a troca do parceiro de chapa. No lugar de se compor com o grupo de Weverton, Flávio poderia se compor com o grupo Sarney!

Há, porém, um outro cenário que pode acabar se materializando. Seria Flávio concorrer ao senado com a mulher de Jerry na suplência, Brandão disputar o governo com Felipe Camarão de vice, o que iria rachar seu grupo e faria com que o resultado ficasse completamente imprevisível, principalmente se outros candidatos ao senado e ao governo entrarem na disputa.

Agora vejamos as coisas do ponto de vista do grupo do senador Weverton Rocha.

Fazer acordo com o governador Flávio Dino, não é de todo mal para Weverton, desde que ele possa indicar o suplente de Flávio e o vice de Brandão.

Caso isso não aconteça, a melhor opção para Weverton é ceder a vaga de senador e de vice-governador em sua chapa para quem possa oferecer a ele forças suficientes e necessárias para vencer seus adversários, no caso, Dino e Brandão. Essas forças seriam Roseana Sarney, Eduardo Braide, Roberto Rocha, Josimar de Maranhãozinho, Lahesio Bonfim e Edvaldo Junior.

Por fim, imaginando agora um cenário visto com os olhos dos outros atores desse enredo, algo pouco provável, mas factível de acontecer, caso seja possível haver algum tipo de acordo entre lideranças de temperamentos e posicionamentos tão diversos.

Roseana Sarney, Eduardo Braide, Roberto Rocha, Josimar de Maranhãozinho, Lahesio Bonfim e Edvaldo Junior, só precisariam esperar que o grupo comandado pelo governador Flávio Dino se divida, para unirem forças formando uma chapa capaz de concorrer de igual para igual com as outras, inclusive, quem sabe, até garantindo uma vaga no segundo turno das eleições.

Até pelo fato de ser detentor do poder de mando e ter maior possibilidade de montagens de uma boa chapa, o grupo do governador Flávio Dino, tem a vantagem nesta disputa. Mesmo assim o grupo do senador Weverton Rocha é mais aguerrido e mais bem estruturado politicamente, uma vez que o grupo governista passou oito anos dando pouca atenção aos políticos. Quanto aos outros grupos, ou eles se esfacelaram ou nunca existiram efetivamente e para existirem de fato, precisariam se entender.

Resumo da ópera: No que diz respeito ao senado, os cenários são favoráveis a Flávio, caso não tenha um concorrente que possa motivar a latente reação subterrânea que há contra todo detentor de poder que age como ele.

Quanto a disputa pelo Governo do Estado, o cenário mais provável é aquele com pelo menos quatro candidatos. Brandão, Weverton, Edivaldo e Lahesio.

Sobre o resultado… Eu nunca fui de prever resultados. Já disse e repito, eu analiso cenários. Quem quiser que tire suas próprias conclusões.

A mim só resta repetir o que dizia o grande Lister Caldas, “Quem viver verá”!…