A Constituição brasileira, 35 anos depois

por Jorge Aragão

Por Joaquim Haickel

Depois de 20 meses de trabalho intenso de deputados e senadores constituintes, na tarde do dia 5 de outubro de 1988, foi promulgada a Constituição da República Federativa do Brasil.

Em um discurso empolgante, Ulisses Guimarães conclamava toda a nação a honrar e defender a nossa constituição e os princípios humanitários, sociais e democráticos que ela trazia como base.

Aqueles foram meses de muito trabalho. Eu era o quarto mais jovem constituinte brasileiro. Mais jovens que eu, Aécio Neves, Rita Camata e Cássio Cunha Lima. Depois da Constituinte, o primeiro e o terceiro, citados acima, tiveram extensas carreiras políticas, chegando aos governos de seus estados e ao senado federal. A segunda foi candidata a vice-presidente em uma dessas eleições. Quanto a mim, voltei para o Maranhão, comandei algumas secretarias de Estado e novamente deputado estadual, até resolver que a política formal, com mandato eletivo não fazia mais sentido para mim.

Tenho orgulho de ter participado daquele momento importante da história de nosso país, mesmo sendo eu apenas um mero figurante, que na época tinha pouco em idade (26 anos) e menos ainda em experiência, mas hoje, passados 35 anos, vejo melhor, tanto os acertos quanto os equívocos que cometemos e confesso que me preocupo muito com a forma com que nossa Carta Magna está sendo usada.

Muitos de nossos acertos estão nos artigos 5º e 6º de CF, pois ali estão os direitos e garantias institucionais e sociais das pessoas. Ali estão também parte dos nossos equívocos ou esquecimentos, pois não estabelecemos de forma proporcional os deveres que deveriam advir e respaldar os direitos que estavam sendo garantidos.

Apenas como curiosidade, sobre um de nossos equívocos mais gritantes, lembro que no preâmbulo da CF, não há alusão a nenhuma espécie de dever que os cidadãos submetidos a ela devam ter, apenas estabelecemos direitos. Estávamos cegos! Cegados pelo medo do retrocesso democrático, que nos rondava. Parecido com o que estamos vivendo agora.

Lembro a quem possa não ligar bem as coisas, que estávamos saindo de 21 anos de estado de exceção, aquilo que uns chamavam de Revolução e outros de Ditadura Militar, o certo é que era um regime onde as liberdades e os direitos não eram plenamente respeitados, por isso o medo que todos tínhamos de um retrocesso institucional.

Lembro também que um ano depois de promulgarmos nossa Constituição, a derrubada de um muro mudou toda a configuração geopolítica do mundo. Nós, de certa forma nos antecipamos a essa mudança, e por isso agimos de forma precipitada em alguns aspectos.

Por outro lado, é sempre importante que se diga e não deixemos que ninguém se esqueça, que uma constituição não é uma carta POLÍTICA, naquilo que essa palavra tem de mais pejorativo! Ela é súmula jurídica que deve reger o funcionamento de todos os mecanismos e instituições de um país.

Olhando em retrospecto, vejo que passados 35 anos, constatamos que o trabalho que realizamos foi quase que completamente desfigurado, em parte por culpa nossa mesmo, em parte pelo uso errado e pela má interpretação dos dispositivos contidos nesta lei que deveria nortear a vida de nosso país.

Algo urgente precisa ser feito para remediar isso, pois o medo é um campo fértil para a tirania!

Exibição especial de “Tire 5 cartas” para críticos e jornalistas em SP

por Jorge Aragão

Por Joaquim Haickel

Viajei para São Paulo exclusivamente para assistir a exibição especial de nosso filme “Tire 5 cartas”, para críticos e jornalistas.

Incógnito, sentei-me em meio os convidados e pude sentir as reações deles bem de perto.

Eu deveria ter gravado as incríveis sequencias de gargalhadas e as fungadas de nariz, proveniente dos choros contidos e soluços, seguidos novamente por risadas incontidas.

Quando saí da sala, não me contive e perguntei a algumas pessoas o que haviam achado do filme, e a resposta foi unanime e maravilhosa: Todos adoraram a história, o elenco, a fotografia, as músicas… Amaram o filme!

O grupo do Cine Papo Blog, comandado por Cléo Brito, Gilda Assad, Lenita Verri e Terezinha Iazzetti, comentaram que depois de assistir ao filme haviam decidido que sua próxima viagem seria para São Luís, porque se no filme a cidade era bonita daquele jeito, pessoalmente deveria ser extraordinária.

Nessa hora meu coração disparou, pois era essa a nossa intenção ao fazer São Luís ser um personagem dessa história, mostrar como diz Carlinhos Veloz, numa das músicas de nossa trilha sonora, “que ilha bela!…”

Entre os presentes, estava Luiz Carlos Merten, que publicou em suas redes sociais: “Estou voltando da cabine de Tire 5 Cartas, comédia de Diego Freitas com a grande Lilia Cabral, com estreia anunciada para 7 de setembro (ou 14). Também estão no elenco – Stepan Nercessian, Claudia Di Moura, Sérgio Malheiros, mais as participações de Alcione e Sidney Magal.

Só o q posso dizer é q, se Tire 5 Cartas e Mussum não levarem o grande público de volta aos cines, algo de muito errado está ocorrendo com o espectador. Como diz a música – Não deixe o samba morrer -, pois é, não deixe os filmes brasileiros morrerem (na bilheteria). Força, gente!”

Depois de tudo que vi, ouvi e senti, até me esqueci que ainda tenho muitas contas a pagar da produção deste projeto!…

Em São Luís, Tire 5 Cartas tem pré-estreia no dia 04 de setembro

por Jorge Aragão

O filme Tire 5 Cartas, estrelado por Lília Cabral, Stepan Nercessian e grande elenco, dirigido por Diego Freitas e realizado pela Guarnicê Produções e pela EH! Filmes, tem pré-estreia marcada para o dia 04 de setembro, com exibição na abertura do Festival Maranhão na Tela, em São Luís, quando parte do elenco estará presente. A película tem distribuição nacional da Vinny Filmes e EH! Filmes Distribuidora.

O enredo nos mostra Fátima (Lília Cabral), uma taróloga que enrola seus clientes com a ajuda de seu marido, Lindoval (Stepan Nercessian). Sua sorte muda quando um valioso anel roubado cruza o seu caminho. Decidida a ficar com o anel, Fátima foge dos bandidos e vai para sua terra natal, São Luís do Maranhão, embarcando numa aventura para lá de engraçada e emocionante. Tire 5 Cartas foi totalmente produzido e rodado em São Luís.

O filme tem as participações especiais de Alcione e Sidney Magal, além das influencers Thaynara OG e Mathy Lemos. Fazem parte do elenco, ainda, vários atores e atrizes maranhenses, como Áurea Maranhão, César Boaes, Claudiana Cotrim, Deo Garcez, Al Danúsio, Xyco Pedrosa, Tássia Dhur, dentre outros.

A ideia original e o roteiro são de Joaquim Haickel, que contou com a colaboração de Gustavo Pinheiro, Melina Dalboni, Diego Freitas, Giulia Bertolli e Julia Antuerpem.

A realização de “Tire 5 cartas”, a maior produção cinematográfica feita totalmente no Maranhão, só foi possível graças ao advento da Lei de Incentivo à Cultura do Estado e do patrocínio da Equatorial e do Mateus, as empresas maranhenses que mais apoiam eventos culturais e esportivo no estado.

Joaquim Haickel diretora da Guarnicê Produções, responsável pela realização deste projeto, disse em entrevista coletiva: “Sem o apoio do governo, através da Lei de Incentivo à Cultura e a incondicional participação da Equatorial Energia e do Mateus Supermercados, projetos desta magnitude jamais seriam realizados em nosso Estado. Sou muito grato a eles e a todos que nos ajudaram nesta jornada”.

O trailer oficial de Tire 5 Cartas pode ser conferido no LINK: https://vimeo.com/846356497/f74479b042

A hipocrisia e os hipócritas

por Jorge Aragão

Por Joaquim Haickel

Conversando com um amigo sobre as atitudes humanas, chegamos à conclusão de que uma das piores delas, é a hipocrisia.

Mas o que é mesmo hipocrisia?

Indo ao velho pai dos menos letrados, descobriremos o significado dessa palavra que exprime a ação característica daquele que é hipócrita; falsidade, dissimulação, ato ou efeito de fingir, de dissimular os verdadeiros sentimentos ou intenções; fingimento, falsidade.

Mas por achar pouca essa explicação, fui pesquisar mais um pouco e acredito que a melhor forma de se definir hipocrisia é dizer que ela é o ato de uma pessoa fingir sentimentos, ideias, crenças ou virtudes que na realidade ela não possui. Mais que isso, é o ato de alguém cobrar de outras pessoas atitudes que ela própria não as tem.

A hipocrisia ocorre também de outra forma, quando por exemplo, alguém acredita que em relação a um determinado grupo, deve ser exigido um conjunto de normas éticas, morais e comportamentais, enquanto para um outro grupo, tais normas não devem ser exigidas, isso também é falta de tratamento igualitário, o que culminará certamente em incorreção e injustiça.

A hipocrisia é uma das mais comuns atitudes humanas, e é quase impossível que alguém em algum momento não tenha cometido esse ato repugnante. Eu mesmo que escrevo este texto, e você que o lê, certamente em algum momento de nossas vidas já fomos hipócritas! O grande problema não são existirem hipócritas casuais, ocasionais e esporádicos, já que esse ato é próprio do ser humano. O grande problema são os hipócritas patológicos, que agem assim de maneira sistemática, proposital, em escala profissional. Isso fica muito pior quando essas pessoas detêm qualquer espécie ou quantidade de poder. A hipocrisia se torna praticamente regra.

Hipocrisia não é um pecado capital, mas deveria ser, até porque ela está no mesmo nível da avareza, da inveja, da ira, e da soberba, e em alguns aspectos ela é bem pior que a gula, a luxúria e a preguiça.

E você o que acha disso?

Uma manhã de aprendizado e contemplação

por Jorge Aragão

Por Joaquim Haickel

Ontem presenciei a entrevista que o presidente José Sarney deu a Charly Braun, premiado roteirista e diretor de “Além da Estrada”, que está realizando para a Globoplay, uma série documental sobre a todo o período de transição política brasileira, do regime de exceção para a democracia, entre os governos Figueiredo e Sarney, e Sarney e Collor, sendo os cinco anos de governo de Sarney, aqueles que efetivamente consolidaram a construção de nossa democracia.

Depois de duas horas de um bate papo descontraído, ficou claro para quem viu a entrevista, assim como ficará patente para quem assistir à participação de Sarney nesta minissérie, que lucidez e coerência não são coisas que se possa encontrar com facilidade em qualquer pessoa, muito menos em qualquer político. Mais que isso, ficou claro que esses artigos raros e de luxo, lucidez e coerência, naquele homem lá das bandas do Pericumã, transbordam, e ainda vêm acompanhados de uma singela simplicidade, que coroa o alto de seus 93 anos.

Ouvi aquilo tudo que Sarney disse a Charly e pensei comigo mesmo, sobre o privilégio que tive por ter sido testemunha de alguns daqueles acontecimentos, principalmente aos ligados à Assembleia Nacional Constituinte. Enquanto ele falava, eu rebobinava a fita de minha memória e visitava eventos e fatos acontecidos naquela época, fatos e eventos que nem sempre foram entendidos da maneira que Sarney expunha agora, e sob a lente da maturidade e do bom senso, os reavaliava.

Quando cheguei em casa, minha mulher me perguntou onde eu estava, pois minha cara era de alguém que viu passarinho verde e eu lhe disse que estava em uma aula de pós-doutorado. Ela não entendeu nada, mas eu expliquei-lhe que cada encontro com Zé Sarney, equivale a uma aula de pós-doutorado em política, em sabedoria, e em compreensão das coisas da vida.

Agora, enquanto escrevo esse texto, me senti triste, porque muitos jovens não terão a sorte e a felicidade que eu e alguns outros tivemos, de conhecer pessoas como “José” e como “Sarney”, duas entidades que compõem esse gigante, que só terá reconhecido o seu devido valor, muitos anos depois que não mais pudermos agradecer a ele pessoalmente.

Um argumento para uma comédia de erros

por Jorge Aragão

Por Joaquim Haickel

Um camarada grandão, rico, poderoso, falastrão e violento, com fama e histórico de mau, invadiu o terreno do seu vizinho, um sujeito baixinho, franzino, fraco, que nas horas vagas era comediante e humorista.

Não satisfeito em invadir o terreno do vizinho baixinho e fraquinho, e se apoderar de seus bens ali existentes, o grandão partiu para a agressão física e começou a esmurrá-lo. Esmurrava não só a ele, mas às pessoas que viviam naquele terreno.

Vizinhos próximos e até mesmo os distantes se posicionaram quanto aquele conflito. Um deles, subalterno do grandão, ficou do lado do seu chefe agressor, mas os demais ficaram ao lado do agredido.

A briga se arrastava já por muito tempo e o baixinho franzino resistia brava e heroicamente, e contava com apoio de pessoas fortes e importantes que lhe ajudavam no enfrentamento do agressor grandão.

Eis que surge um camarada que nem era das redondezas, uma pessoa controversa, com histórico de condenações por graves desvios de conduta, e em uma entrevista aloprada, a uma popular rede de televisão, diz que os vizinhos devem parar de apoiar o sujeito baixinho e franzino, diz que o apoio que ele recebe impede que a briga acabe logo, que a melhor solução é deixar o grandão e o baixinho resolverem aquela situação com suas próprias forças, com seus próprios recursos, sem intromissão e interferência de ninguém.

Uma senhora de 94 anos, aposentada, mas muito bem-informada, depois de assistir a entrevista, pegou o telefone e ligou para a tal emissora de televisão dizendo literalmente o seguinte: “Boa tarde, será que alguém poderia dizer para esse senhor decrépito e senil, que acabou de aparecer em seu programa jornalístico, que o que ele está dizendo é o maior absurdo que pode alguém dizer!?… Se as pessoas de bem não ajudarem os mais fracos e os agredidos, os fortões violentos vão sempre sair ganhando!… Digam para este senhor, que está completamente decrépito e gagá, que a melhor coisa que ele pode fazer é ir tomar uma janja de galinha e parar de falar bobagem.”

Haickel defende utilização de armas de fogo “de maneira legal e correta”

por Jorge Aragão

O ex-deputado Joaquim Haickel, nas suas redes sociais, reacendeu uma polêmica que segue gerando enorme debate, a utilização de armas de fogo pelo cidadão comum.

Haickel publicou um vídeo onde criminosos invadiam a residência de um cidadão, que respondia a invasão atirando e espantando os bandidos. Veja acima o vídeo.

Após o vídeo, Joaquim Haickel, que foi deputado constituinte, criticou algumas restrições as armas de fogo que tem sido proposta pelo Governo Lula, alterando decisões tomadas na gestão do ex-presidente da República, Jair Bolsonaro.

Haickel defendeu a utilização das armas de fogo de maneira correta e legal, ressaltando que é “covardia impedir que o cidadão se defenda”.

“Penso que o CIDADÃO que queira usar arma de fogo, de maneira legal e correta, não pode ser impedido, já que o Estado Brasileiro não consegue proteger a ele, a sua família e o seu patrimônio, contra o ataque de bandidos e criminosos. Impedir que o cidadão se defenda é covardia!”, avaliou Haickel.

O assunto, que é polêmico, segue sendo debatido a exaustão nas redes sociais, mas infelizmente, como quase tudo no Brasil, o debate passou a ser mais político partidário do que uma discussão séria e imparcial sobre o tema.

É aguardar e conferir, afinal as modificações devem gerar um debate grande também no Congresso Nacional.

“I have a dream!…”

por Jorge Aragão

Por Joaquim Haickel

Eu sempre acalentei um sonho. Na verdade, não é um sonho comum, desses que se tem quando está dormindo. Sonho aqui é figura de linguagem, metáfora para exemplificar uma ideia, algo que gostaria que fosse realidade. Meu sonho é viver em uma sociedade minimamente justa, onde o bom senso e a coerência prevaleçam.

Thomas Morus chamava isso de Utopia, eu chamo de Estado Democrático de Direito, onde todos estão sujeitos às mesmas regras, têm os mesmos direitos e os mesmos deveres, onde as regras não podem ser desrespeitadas e onde ninguém pode transgredir quanto a elas.

Eu sempre quis viver num lugar onde as pessoas pudessem valer pelo que elas são, e que aquilo que elas tivessem fossem apenas recursos extras que elas pudessem usar para viver melhor. Eu sempre acreditei que vive melhor quem vive cercado de pessoas que também possam viver bem, não necessariamente de maneira igual, mas minimamente bem.

Durante quase toda a minha vida, acreditei erradamente que meu posicionamento político e ideológico era de centro esquerda, mas já az mais de vinte anos que descobri que na verdade eu e minhas ideias estamos de maneira mais coerente e realista no escaninho exatamente oposto àquele em que eu me via. Sou realmente de centro direita.

Ter consciência de sua real e verdadeira posição no espectro político, é muito importante, principalmente para aqueles que militam na política.

É muito fácil e bonito ser de esquerda, pois quem está nessa posição não tem que fazer muito esforço, uma vez que o ser humano está naturalmente nesta latitude. Os humanos têm suas características mais marcantes, no que diz respeito a antropologia, psicologia, sociologia e filosofia, vinculadas aos pensamentos comuns ao quinhão à esquerda do centro do espectro político e ideológico.

Nosso subconsciente, nossa memória ancestral, nos remete aos tempos primitivos, em que vivíamos em bandos no início das civilizações, e desde lá nós nos acostumamos a gostar dos amparos, dos apoios e dos benefícios que possam nos ser proporcionados. O nosso humanismo inato, por si só é uma ideia e um sentimento poderoso, e tudo isso se enquadra muito mais nas ideias da esquerda, mas este não é o caso da esquerda estremada.

Essas mesmas sensações e sentimentos são comuns àqueles que se posicionam à direita do centro, mesmo que algumas de suas teses políticas e econômicas, deem motivos para que as pessoas possam simpatizar menos com os pensamentos destes.

Os moderados de direita não são completamente contra os amparos, os apoios e os benefícios aos cidadãos, eles apenas estabelecem critérios restritivos e rígidos para esses privilégios. Os de Direita não acreditam na mera doação, eles querem que ela seja proveniente de algo mais, uma troca positiva e honesta entre o indivíduo e a sociedade.

As diferenças fundamentais entre os antagonistas que estão no meio do espectro político, dos de centro esquerda com os de centro direita, são meramente questões semânticas e diplomáticas, coisas que se resolve com um pouco de conversa, bom senso e boa vontade.

Já no que diz respeito aos que estão nesta posição intermediária, de direita e de esquerda, além de muito mais diplomacia, há uma necessidade bem maior de entendimento semântico e de concessões estratégicas de lado a lado.

Entre estes grupos de direita e esquerda há um outro diferencial. Os de direita privilegiam os deveres do cidadão e os de esquerda, dão mais ênfase aos seus direitos. No caso dos dois grupos antagônicos mais próximos do centro, o equilíbrio entre deveres e direitos está mais presente.

No tocante àqueles que estão nos polos extremos do espectro político, suas diferenças são praticamente irreconciliáveis, pois essas pessoas são irracionais e irascíveis. Eles acreditam tão piamente em suas teses, que muitas vezes elas se transformam em verdadeiras religiões. Eles chegam a eleger verdadeiros profetas, messias salvadores, a quem seguem cegamente, o que normalmente causa grandes problemas, por um lado e pelo outro.

Lembro que quando estava pesquisando para fazer as leis de incentivo à cultura e ao esporte do Maranhão, o que eu tinha em mente era a reclamação daqueles que diziam que o governo de então ajudava muito mais a um determinado grupo de artistas e esportistas, que aos outros.

Fiz essas leis para proporcionar a igualdade e a equidade entre quem desenvolvesse trabalhos naqueles setores. O governo, qualquer que fosse ele, apenas autorizaria que o empresariado escolhesse quais projetos mais se encaixavam no seu perfil. Aquelas leis foram concebidas e criadas para serem ferramentas de política de Estado, uma política equânime e igualitária.

Meu pai gostava de repetir ditados populares. Ele dizia que não se importava em dar peixe àqueles que precisavam comer, mas que mais importante que dar o peixe era ensinar as pessoas a pescar e dar a elas condições para isso.

As Leis de Incentivo à cultura e ao esporte do Maranhão são leis que apoiam, amparam e beneficiam as pessoas dos respectivos setores. Elas não são de esquerda, nem de direita. Elas são Leis. Lei não tem lado.

Quem tem medo de Virgínia Woolf!?…

por Jorge Aragão

Por Joaquim Haickel

Explicação necessária 1: Desde logo adianto ao caro leitor que o texto não é curto, ele tem três laudas, mas garanto que não será uma leitura tediosa e acredito que ela seja necessária para quem deseja analisar alguns importantes acontecimentos da política brasileira.

As pessoas que acompanham as minhas publicações, conhecem a minha opinião e os meus posicionamentos em relação aos atos e atitudes do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Para aqueles que não acompanharam os textos que escrevi e publiquei em minhas redes sociais, nos últimos quatro anos, farei nos próximos parágrafos um rápido resumo sobre o que disse e o que eu penso sobre ele.

Disse e acredito piamente que Bolsonaro seja um homem deselegante, tosco, mal educado, grosseiro, sem a devida polidez, não talhado para um convívio social. Um verdadeiro boçal. Mas não o incluo na lista dos criminosos, golpistas, antidemocráticos e terroristas, como fazem aqueles que, mais que seus adversários, são inimigos dele e de certa forma, são os verdadeiros golpistas dessa história.

Bolsonaro é despreparado para o exercício do poder, uma vez que não consegue entender nem aceitar o funcionamento dos mecanismos que regem a política. Ele desconhece a lógica do debate, da boa e sadia controvérsia. Ele não consegue entender e se posicionar quanto as ações corrosivas da imprensa canalha, como ela se posiciona e como ela define as “verdades” que ela impõe a sociedade. Ele não sabe como neutralizar ou minorar esses efeitos.

Ninguém acredita que Bolsonaro seja ingênuo ou mesmo burro. Quando se aventa essas possibilidades, as pessoas que o defendem, argumentam que ele, durante 34 anos exerceu mandatos parlamentares e se elegeu presidente da república, logo, alguém que tem esse currículo não pode ser nem ingênuo, nem burro. Eu discordo peremptoriamente disso. Eu o acho ingênuo e burro!

Nos primeiros meses de mandato de Bolsonaro, eu fiquei aguardando algum indício que indicasse o bom rumo que ele pudesse dar para o Brasil. Aguardei ações concretas que ele viesse a realizar no sentido de estabelecer um governo profícuo e saudável, que resultasse no fortalecimento dos princípios conservadores e das posições liberais, que ele defendia e que nós precisávamos que ocorressem, ações que colocassem definitivamente partidos e políticos de esquerda em total descrédito ou em pelo menos duradoura inutilidade, em nosso país.

Passados seis meses, e não vendo nada de concreto, nem mesmo indícios de um bom caminho para a política brasileira, eu entendi que ele não seria capaz de realmente liderar o nosso país nessa jornada, nas ações que pudesse nos garantir o não retorno da esquerda ao poder no Brasil.

Durante o tempo de governo de Bolsonaro, o Brasil  obteve vitórias expressivas e importantes no que diz respeito especificamente ao agronegócio, e de modo mais geral e amplo, no que diz respeito a economia, além de ter conseguido realizar algumas pequenas reformas. Nestes casos o mérito de Bolsonaro foi tão somente o de não se meter nas ações desenvolvidas pelo ministro Paulo Guedes e seu grupo.

Um dos maiores erros ou pecados de Bolsonaro foi ter se deixado envolver em narrativas negativas em relação a suas ações pessoais, as quais quase sempre ele tinha culpa, no que dissesse respeito a pandemia de Covid-19, a comportamentos inconvenientes e deselegantes, como acusações de preconceito de diversas formas e tipos, além de sua total incapacidade de se relacionar habilmente com a imprensa.

Bolsonaro foi envolvido num turbilhão de narrativas jornalísticas, capazes de desestabilizar qualquer um, por mais experiente e competente que ele fosse. Mas sendo ele um teimoso irascível e um idiota previsível, que se deixa envolver por familiares e pessoas próximas, de maneiras completamente absurdas e inaceitáveis, alguém que tem tanto poder e que visivelmente não tem capacidade de discernimento, foi fácil que fosse envolvido negativamente pela máquina midiática.

Seus adversários na imprensa e na política sabiam onde apertar para que ele reagisse como eles esperavam que ele fizesse, para em seguida darem outra cutucada nele para que reagisse mais uma vez de maneira absurdamente previsível, para que mais uma vez fizessem algo que o fizesse reagir de modo ainda mais atabalhoado, causando cada vez mais estragos a si e àquilo que ele pretendia realizar.

Algumas vezes pensei em Bolsonaro como uma Penélope sonâmbula e inconsequente. Alguém que tece um manto de dia e pela noite o desfia, fazendo com que todo o trabalho que fizera a luz do sol fosse desperdiçado à luz da lua. A diferença, é que Penélope fazia isso com essa intenção, mas Bolsonaro não tinha noção do que fazia.

Em vários de meus textos comentei que “amigos” meus de direita me acusaram de ser esquerdista e meus “amigos” de esquerda diziam que mais que um liberal de direita, eu era bolsonarista. Uns escrotos.

Uns não aceitavam que as ações e atitudes do tal mito eram completamente desastrosas e os outros não desejavam que eu alertasse seus opositores para o desastre ao qual estavam sendo arrastados.

Eu sempre soube e sempre disse que a eleição teria um resultado contrário a direita, não a Bolsonaro, pois ele nunca foi uma opção real. Ele era apenas a opção possível, que na verdade era impossível.

Não discuto se houve ou não fraude eleitoral, pois não posso, e ninguém pode provar isso sem ter acesso aos documentos necessários para esse fim, mas posso garantir, com base no que vimos acontecer, que houve o uso descarado e criminoso da justiça eleitoral no sentido de beneficiar um candidato em detrimento do outro.

É importante que se ressalte que não interessa se um candidato era um ex-presidiário, descondenado apenas para concorrer nas eleições e o outro era o protótipo de um ditador, esperando a oportunidade para dar um golpe, como dizem os adversários de cada um deles. As narrativas construídas sobre os contendores nunca foram aceitas por mim, pois se as aceitasse, eu seria contaminado em minhas conclusões, nas análises dos fatos.

O resultado eleitoral, para mim pouco importa, até mesmo porque a diferença de dois milhões de votos me diz que a divisão política e eleitoral de nosso país é incontestável e definitiva. Ela não vai mudar.

O problema do Brasil não é quem ganhou a eleição, nem mesmo, por pior que possa parecer, o que vai fazer com o nosso país quem a ganhou, mas sim a insegurança jurídica na qual vivemos, a ditadura judicial na qual nossas instituições estão submetidas. Isso sim é gravíssimo.

A metade dos brasileiros, como pudemos auferir pelo resultado da eleição presidencial, viveu nos últimos quatro anos a ilusão de que um sujeito tosco poderia levá-los a atravessar um mar e a guiá-los por um deserto até uma terra prometida, onde haveria leite e mel para todos. Eu sempre soube que esse tal Messias não era um Moisés!

O que se viu foi uma legião de pessoas, em uma quantidade maior que a da maioria dos países do mundo, que se depara com a volta ao cativeiro no Egito, onde terão que enfrentar seu Ramsés II, o faraó careca, o Deus vivo na terra e toda sua legião de eunucos.

Explicação necessária 2: Para o título desse texto eu me apropriei do título da peça, “Quem Tem Medo de Virginia Woolf?” que na verdade é um trocadilho com o sobrenome da escritora britânica e a palavra inglesa “wolf”, que significa lobo, e a pergunta que perpassa é, na prática, “quem tem medo do lobo mau?” Cada leitor que escolha onde encaixar melhor a metáfora!…

PS: Este texto foi escrito no dia 31 de dezembro de 2022 e revisado no dia 9 de janeiro de 2023, um dia depois dos deploráveis acontecimentos ocorridos em Brasília no domingo, 8 de janeiro. Atos criminosos de vandalismo e depredação do patrimônio público, devem ser repudiados por todos, e estes selaram o destino das manifestações, até então pacíficas que aconteceram durante 70 dias em frente a quarteis do exército, em diversas cidades. Tais atos eliminaram totalmente a legitimidade de qualquer manifestação que este grupo pudesse realizar.

Desabafos abafados

por Jorge Aragão

Por Joaquim Haickel

Todo mundo, em algum momento da vida já foi insultado. Comigo não foi diferente. Já me chamaram de gordo, de careca, de feio, de vascaíno, de malufista, de sarneyzista e de direitista, entre outras coisas. Em nenhuma dessas oportunidades eu me ofendi, pois eu era ou fui ou sou tudo isso mesmo. Ninguém pode ou deve se ofender com a verdade.
Hoje um grande amigo meu, só para me provocar, me chamou de bolsonarista e com isso eu fiquei muito zangado, pois isso eu nunca fui, não sou, e de forma alguma jamais serei. Sou muita coisa, mas não sou burro!

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Melhor coisa que poderia acontecer para o Brasil seria a prisão de Bolsonaro.
Caso ele seja preso, duas coisas maravilhosas iriam acontecer: Ele teria a punição que merece, por nos devolver aos braços de Lula e da esquerda e também ficaria claro que hoje nosso país vive em um regime de exceção.

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Para tudo há um preço, e isso é normal e correto. Anormal e incorreto é você fixar um preço baixo demais para a sua coerência e para o seu caráter. Depois você não poderá reclamar de quem resolver pagar por eles.

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A história está cheia de exemplos de erros graves cometidos por pessoas celebres. Quem não os conhece, acaba por repeti-los! Aqueles que primeiro defenderam o uso da guilhotina durante a Revolução Francesa, mais tarde se tornaram vítimas dela, viu meu camarada!…

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Um amigo meu me mandou uma mensagem fazendo algumas perguntas interessantes.
Por que será que nossas mães, quando tentavam nos orientar em relação a alguma coisa errada que fazíamos, sempre diziam: “Te endireita!…” E não, “Te esquerda!…”
Por que será que o semáforo vermelho obriga o motorista a parar e o verde permite que ele siga?
Por que será que no plano cartesiano, os valores a direita da linha vertical são positivos, e os da esquerda dela, são negativos?
Por que em italiano a palavra esquerda é “sinistra”?

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A língua nos oferece o privilégio de dar nome as coisas. Um boi é um boi, um lápis é um lápis, um infame é um infame. Quando se chama um manifestante de golpista e um vândalo de terrorista, do que vamos chamar um juiz parcial e um homem bomba?

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Para investigar, basta que haja dúvida. Para condenar é indispensável que se tenha certeza.