Coluna do Sarney: Violência e banditismo

por Jorge Aragão

revolver_violencia_thumb2Hannah Arendt dizia que o mundo moderno está embrutecido e que uma das características mais trágicas é a banalização da violência, hoje percebida e tolerada por todos como um simples elemento do cotidiano. Tive oportunidade de abordar várias vezes no Senado esse sentimento de que há uma regressão na humanidade. No passado matava-se pela disputa de comida, pela ocupação de território, na luta pela sobrevivência – um instrumento da evolução das espécies. A consciência do homem estava num estado primitivo, igualada à dos outros primatas. Centenas de milhares de anos depois, volta-se a matar, não mais para poder viver, mas como se fosse um gesto normal da vida. Ninguém se choca com os números de homicídios, com as chacinas, com a crueldade. Os crimes mais hediondos são tidos como normais.

Lembro-me de que, quando foi votado um projeto de lei considerando a corrupção crime hediondo, apresentei uma emenda para que se incluísse na mesma categoria o homicídio. O autor do projeto, o então senador Pedro Taques, reagiu dizendo que enfraquecia a mensagem da corrupção. Para mim matar também é corrupção, mas hoje se acha que a corrupção é mais danosa do que os crimes contra a vida. Minha emenda foi rejeitada.

Agora estou estarrecido com os números de homicídios na ilha de São Luís: de janeiro a novembro 642 pessoas foram mortas, projetando uma taxa próxima a 70 por cem mil habitantes na ilha que se chama do amor. Nos países do primeiro mundo ela está na casa de 2/100.000. Na Índia, 2º lugar em números absolutos de homicídios, a taxa é de 4/100.000; no Brasil é de 25/100.000; e na ilha de São Luís, repito, estamos com 70 por 100 mil. Será que ninguém se revolta, denuncia, protesta, combate ou se inconforma? Volto a Hannah Arendt quando diz que a violência se tornou uma banalidade.

Acho que com esses números é o caso de declararmos estado de calamidade pública no combate à violência. E isso se reflete na vida da comunidade, gerando o medo, fazendo das casas prisões, com grades nas janelas e nas portas… e toda sorte de tentativa de defesa contra o crime. Andar nas ruas, nem pensar. Em cada família há uma história de violência a relatar.

Também é de estarrecer que apenas 3% dos casos de homicídio sejam apresentados à Justiça e que as condenações sejam tão leves – um homicídio pode significar, com a progressão da pena, 2 anos em regime fechado. Esta semana vimos um culpado de corrupção ser condenado a 19 anos de prisão, porque tinha dividido uma propina de 5 milhões com três pessoas – e uma mulher, que tinha assassinado o marido, esquartejado o corpo, colocado na geladeira, depois em malas e espalhado os pedaços em terrenos baldios, também ser condenada a 19 anos! Assim, o tirar a vida vale o mesmo que o roubar cinco milhões.

E o pior: as maiores taxas de homicídio estão entre os jovens de 17 a 24 anos, que matam e são mortos, com predominância de pretos e de pobres.

Uma sociedade assim não pode senão ser acusada de estar podre. E o Maranhão – de povo pacato, ordeiro, pacífico -, transforma-se num exemplo de violência e banditismo.

José Sarney

Após pedido de Cabo Campos, morre envolvido em homicídio de PM

por Jorge Aragão

ricardinhoÉ claro que não só pode como deve ter sido coincidência, tadalafil mas curiosamente depois da declaração polêmica do deputado estadual Cabo Campos (PPS), there morreu nesta terça-feira (19), após troca de tiros com a polícia, o terceiro elemento que teria participado do homicídio do tenente Ramos no último domingo (17).

Ao lamentar a praticamente execução do colega PM, o deputado Cabo Campos no fim de sua fala na tribuna da Assembleia, na segunda-feira (18), fez um desabafo.

“Peço aos meus colegas de farda, que em casos como esses, eles metam fogo nesses canalhas”, finalizou o discurso.

Já nesta terça-feira, no bairro da Liberdade, após uma perseguição e troca de tiros, morreu Ricardo Romeo Moraes Barros, mais conhecido como Ricardinho. Ele teria sido o elemento que agrediu o tenente Ramos quando o militar já estava baleado.

Os outros três elementos que estavam com Ricardinho no dia do homicídio do tenente Ramos – Denis Miranda da Silva, Dayltonson Silva Peres e Rafaela Nunes dos Santos – foram presos ainda no domingo pela manhã, no bairro do São Francisco.