Justiça determina retorno do prefeito afastado de Bom Jardim

por Jorge Aragão

O Tribunal de Justiça do Maranhão (TJMA) determinou o retorno de Francisco Alves de Araújo ao cargo de prefeito de Bom Jardim, a 275 km de São Luís. A decisão foi tomada, em caráter liminar, pelo próprio presidente do TJ, desembargador Cleones Cunha.

O prefeito Dr. Francisco, como é conhecido na política, foi afastado no dia 07 de outubro. O gestor, segundo o Ministério Público, comandava a “farra de combustíveis” em Bom Jardim e com base em Ação Civil Pública (ACP) por atos de improbidade administrativa, a Justiça determinou o afastamento do prefeito do cargo.

O Ministério Público sustenta que o desvio de recursos públicos ocorreu por meio de contrato de fornecimento de combustível, celebrado com o Posto Varão. O prefeito escolhia quem deveria ter acesso aos abastecimentos, por meio de cota aos vereadores da base aliada. O esquema, segundo o MP, tinha participação, além do prefeito, de um secretário da Prefeitura de Bom Jardim e de mais sete vereadores (reveja).

Durante o afastamento do prefeito, a cidade de Bom Jardim estava sendo comandada pelo vice-prefeito João Rodrigues. Só que agora, com a anuência do presidente do Tribunal de Justiça, o prefeito está de volta ao cargo.

De novo: Bom Jardim tem novamente prefeito afastado do cargo

por Jorge Aragão

É impressionante, mas parece que a cidade de Bom Jardim não teve muita sorte com seus últimos administradores e nesta semana, mais um prefeito foi afastado do cargo.

Bom Jardim ficou conhecida nacionalmente com o caso da então prefeita ostentação, Lidiane Leite. A ex-prefeita ficou foragida durante quase 40 dias da Polícia Federal, depois se entregou e perdeu o cargo. Com isso, quem assumiu o cargo foi a vice-prefeita Malrinete Gralhada, que conseguiu a proeza, em pouco tempo, de também virar destaque negativo e foi afastada do cargo pela Justiça por supostamente ter desviado dinheiro público. O fato ocasionou até um comentário do jornalista Alexandre Garcia no Bom Dia Brasil (reveja).

Agora, depois da eleição de 2016, com base em Ação Civil Pública (ACP) por atos de improbidade administrativa, ajuizada pelo Ministério Público do Maranhão, a Justiça determinou o afastamento do prefeito do município de Bom Jardim, Francisco Alves de Araújo, do cargo.

A decisão determina, ainda, que a Câmara Municipal de Vereadores convoque sessão extraordinária e dê posse ao vice-prefeito, em 72 horas, no cargo de prefeito.

Formulou a ACP o promotor de justiça Fábio Santos de Oliveira, titular da Comarca de Bom Jardim. A liminar foi assinada pelo juiz Raphael Leite Guedes.

Pela decisão, o atual gestor está impedido de movimentar as contas do Executivo municipal e os bens dele estão indisponíveis até o limite de R$ 1.435,468,65. O valor é resultado da soma de R$ 35.468,65, referente ao montante gasto com abastecimento de combustíveis, de forma irregular, e de aplicação de multa de 100 vezes o valor da remuneração (R$ 14 mil) do cargo de prefeito, totalizando R$ 1.400,000,00.

O bloqueio, no mesmo valor, alcança os bens do secretário de Administração, Ayrton Alves de Araújo, e de sete vereadores: Antônio Carlos Sousa dos Anjos – “Maninho”, Charles Viana da Silva – “Lebreu”, Manoel da Conceição Ferreira Filho – “Sinego”, Maria Sônia Brandão de Jesus, Antônio Barbosa de Almeida Filho – “Filho”, Clebson Almeida Bezerra – “Professor Clebson” e José de Ribamar Ferreira – “Dandor”.

Esquema – De acordo com o MPMA, o desvio de recursos públicos ocorreu por meio de contrato de fornecimento de combustível, celebrado com o Posto Varão. O prefeito escolhia quem deveria ter acesso aos abastecimentos, por meio de cota aos vereadores da base aliada. O esquema era controlado pelo secretário de Administração, Ayrton Alves de Araújo, que também é irmão do gestor.

Ao avaliar as notas de abastecimento, a Promotoria de Justiça detectou que os vereadores da base aliada tinham livre acesso para abastecer seus veículos particulares, além do próprio prefeito e membros da família dele.

Em interceptação telefônica autorizada pela Justiça, o vereador Maninho demonstrou preocupação porque sabia da investigação sobre o esquema de abastecimento ilegal. Ele criticou o proprietário do posto de combustíveis por ter entregue ao Ministério Público as notas assinadas pelos vereadores.

A Promotoria de Justiça também colheu depoimentos de funcionários do posto de combustíveis que confirmaram o abastecimento dos carros particulares dos vereadores e parentes do prefeito.

Em outro depoimento, um servidor municipal, que também é primo do prefeito e tinha apenas a função de liberar veículos para abastecer, confirmou que as autorizações eram dadas por Ayrton Alves de Araújo.

Ao ser questionado, em depoimento ao MPMA, Ayrton afirmou que autorizou vários abastecimentos e apresentou uma relação de oito veículos que são de propriedade do Município de Bom Jardim, informando que apenas um está funcionando.

“Se somente há um veículo em condições de uso, como pode se ter um gasto mensal de R$ 50 a 70 mil de combustível por mês? A resposta é só uma: utilizando-se o patrimônio público para beneficiar os membros da família do prefeito e demais aliados políticos”, afirmou, na ACP, o promotor de justiça Fábio Oliveira.

PEDIDOS – Ao final da ACP, o Ministério Público pede que os acusados sejam condenados pelos atos de improbidade administrativa, com a obrigação do ressarcimento integral do dano, perda da função pública, suspensão dos direitos políticos, pagamento de multa civil, proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais.