O fechamento das barreiras zoofitossanitárias no estado do Maranhão foi duramente criticado pelo deputado César Pires na sessão desta quarta-feira (11) na Assembleia Legislativa. Ele alertou que a medida adotada pelo governo Flávio Dino é prejudicial tanto ao setor produtivo quanto à saúde pública, já que deixa sem controle a qualidade dos produtos de origem vegetal e animal consumidos pelos maranhenses.

“É uma situação gravíssima que nos foi relatada pela presidente do Conselho Regional de Medicina Veterinária, professora Francisca Neide, e pelo agrônomo Diego Sampaio, presidente do Sindicato dos Servidores da Fiscalização Agropecuária do Maranhão. Segundo eles, das nove barreiras zoofitossanitárias antes existentes no estado, cinco foram fechadas pelo governo Flávio Dino: a do Itinga (na divisa com o Pará), do Pirangi (divisa com o Piauí), da Estiva (entrada da ilha de São Luís), da Ponta da Espera e da Ceasa.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) e a Organização Internacional de Saúde Animal (OIE), mais de 60% das doenças infecciosas humanas são transmitidas do animal para o homem. Sem as barreiras zoofitossanitárias, não há como fiscalizar, por exemplo, o uso de agrotóxicos nos vegetais e o controle vacinal de animais.

“Há alguns anos, essas barreiras foram potencializadas para que o Maranhão pudesse exportar carne bovina. Com o desmonte dessas barreiras, vamos assistir a comercialização de carne sem fiscalização nenhuma. Na região de Balsas, suspeita-se que foram comprados cerca de R$ 20 milhões em agrotóxico falsificados e contrabandeados, em geral do Paraguai e do Uruguai. Isso é possível porque as barreiras sanitárias foram desmanteladas”, enfatizou César Pires.

O deputado alertou também que o setor agrícola do Maranhão fica sujeito à chegada de pragas como a chamada “mosca da carambola” e a ferrugem asiática que pode prejudicar a exportação da soja produzida no sul do estado. “Sem as barreiras fitossanitárias, vegetais contaminados podem vir do Tocantins, do Pará e do Piauí e contaminar os nossos, assim como ir daqui para esses estados. É uma falta de controle que pode resultar numa grande perda econômica para o nosso maior setor produtivo, que é justamente o agronegócio”, destacou.

Sobre o fechamento das barreiras fitossanitárias da Estiva, da Ponta da Espera e da Ceasa, César Pires lembrou que cerca de um milhão e quatrocentos mil pessoas que habitam na ilha de São Luís estão sujeitos a serem contaminados por ausência de fiscalização sanitária sobre os produtos vegetais e animais consumidos.

“Nos Estados Unidos, transitar com produtos vegetais e animais sem o devido controle sanitário é considerado contrabando. No Maranhão, o governo Flávio Dino acaba com as barreiras fitossanitárias, sem pensar nos prejuízos ao setor produtivos e à saúde da população. É um governador mais preocupado com mídia, que silencia diante de uma situação tão séria. É preciso dar um basta, e vamos promover uma audiência pública com a população para buscar uma solução”, finalizou ele.