Inicialmente é preciso deixar claro que, em sã consciência, não se pode concordar com retirada de verbas destinadas ao Bolsa Família e transferir para a Comunicação, como tem sido especulado nesta semana sobre o Governo Bolsonaro, mas desmentido por aliados do presidente da República.

No entanto, é preciso dizer que alguns políticos não podem tecer tal crítica, salvo se forem adepto da tese de dois pesos e duas medidas.

Um grande exemplo é o deputado federal Márcio Jerry, que recentemente foi o titular da Secretaria de Comunicação do Governo Flávio Dino.

A pasta comandada por Jerry sempre foi muito abastecida financeiramente e, em 2017, durante o ano recebeu um reforço no já polpudo orçamento. Naquela oportunidade, foram R$ 9 milhões a mais para a Comunicação.

O detalhe é que esses recursos remanejados tinham aplicação para serviços da dívida interna. Com isso, naquele ano, véspera da eleição de 2018, quando Jerry foi candidato, a Comunicação teve um orçamento de R$ 67,9 milhões.

Além disso, toda vez que o Orçamento do Governo Flávio Dino tem sido votado na Assembleia Legislativa, deputados oposicionistas tentam diminuir um pouco o robusto orçamento da Comunicação, para transferir recursos para áreas mais emergenciais, como Saúde, Segurança e Educação. Só que os deputados governistas, maioria esmagadora no parlamento, nunca permitiram tal iniciativa.

Só que mesmo com esse histórico recente, Márcio Jerry ainda se sente com autoridade de criticar uma eventual realocação de recursos do Governo Bolsonaro para a Comunicação.

Coerência mandou lembranças, meu caro Márcio Jerry.