O deputado estadual Yglesio Moyses (PDT), que está no seu primeiro mandato, teve na Sessão Ordinária desta terça-feira (18), na Assembleia Legislativa, um dia para ser esquecido e jamais repetido.

Yglesio já havia deixado um posicionamento meio dúbio quando abordou a situação do Transporte Público de São Luís, em especial a demissão de cobradores. O parlamentar, em alguns momentos, demonstrou mais preocupação com os empresários do que com os rodoviários demitidos e/ou usuários do transporte público.

No entanto, nada se compara aos erros cometidos nesta terça-feira, quando oposicionistas, através de um Requerimento do deputado Adriano Sarney (PV), tentaram convocar o presidente da CAEMA, Carlos Rogério, para explicar o desabastecimento de água durante cinco dias em mais de 80 bairros de São Luís.

Novamente a postura de Yglesio foi extremamente confusa. O pedetista iniciou atuando como Líder do Governo Flávio Dino, pedindo que os governistas rejeitassem o pedido e classificando como espetáculo da Oposição a tentativa de convocar o presidente da CAEMA.

A postura obviamente recriminada por quem passou efetivamente mais de cinco dias sem água e sem uma justificativa plausível. Pior para Yglesio foi que quem sofreu com mais esse desmando da CAEMA foi justamente a população de São Luís, cidade que o pedetista sonha em administrar e é pré-candidato para as eleições de 2020.

Yglesio ainda travou embates desnecessários, perfeitamente evitáveis com os deputados Adriano Sarney e César Pires. Com César Pires o embate foi inglório, já que Yglesio além de massacrado, pode ter perdido um “aliado” importante no parlamento.

Só que depois de tudo isso, pasmem, o próprio Yglesio Moyses surgiu com um pedido de convocação, através da Comissão de Saúde que ele preside, para obrigar o mesmo presidente da CAEMA a comparecer ao parlamento maranhense. Yglesio chegou a garantir que o presidente da CAEMA irá a Assembleia Legislativa, por bem ou por mal.

Ou seja, ficou parecendo apenas que Yglesio, num gesto pequeno e mesquinho, não queria dar os “louros” de uma convocação para a Oposição. O curioso é que agora, a eventual ida de Carlos Rogério à Assembleia Legislativa, não será mais um espetáculo.

A atitude confusa de Yglesio lhe deixou em situação delicada com todos os segmentos.

A população de São Luís, principalmente quem sofreu com o desabastecimento, não entendeu e nem vai entender o posicionamento dúbio de Yglesio.

A Oposição também não entendeu a postura de Yglesio, uma vez que, no fim, ambos pareciam ter o mesmo objetivo. Pior é que do embate, repito desnecessário, restarão rusgas. Quando o governista perdeu uma grande oportunidade de fazer um gesto com a Oposição, cobrando uma “fatura” lá na frente.

Por fim, o próprio Governo Flávio Dino não deve ter gostado da postura dúbia do parlamentar, que incialmente agiu como Líder do Governo e depois foi o autor de uma convocação que obrigará um membro da gestão do comunista a prestar esclarecimentos na Assembleia Legislativa, diante da mesma Oposição.

É inegável que Yglesio tem potencial e pode chegar mais longe na política, mas precisa ter mais equilíbrio, evitar embates desnecessários, não permitir que sua ânsia de mostrar serviço lhe tire a razão, fazer aliados e não adversários, dentro e fora do parlamento, e principalmente não ter um posicionamento dúbio, algo abominável na política, tanto de ontem, quanto de hoje e também de amanhã.

Inegavelmente um dia para ser esquecido por Yglesio Moyses.

Em contato com o Blog, o deputado Yglesio justificou seu posicionamento.

Prezado Jorge,

Em respeito à publicação em seu blog que me faz citação direta, devo corrigir algumas situações pontuadas:

1. Em referência a suposto posicionamento dúbio na situação dos cobradores, já lhe expliquei pessoalmente no plenário a necessidade de discutir o sistema de transporte de maneira integral e não apenas sob a ótica de interesses corporativos. Ontem, por sinal, reuni-me com o prefeito de São Luís, para discutir a questão, entregando-lhe inclusive laudo técnico para agilizar os procedimentos de reforma do Terminal da Praia Grande, que hoje está em risco. 

2. Em relação ao posicionamento na sessão de hoje, referente à situação da CAEMA, a decisão de convocar o presidente da companhia para a comissão de saúde foi tomada exclusivamente pelo mérito técnico.  A questão da falta de água na cidade, recorrente na Ilha de São Luís, deve ser analisada de maneira cuidadosa e com a presença dos técnicos. Julgo que a sala das comissões é um ambiente muito mais adequada pra uma efetiva inquirição do Presidente e assessores pela ALEMA. Os demais motivos e reflexões levantadas pelo prezado articulista em seu blog não guardam qualquer conexão com nossas reais intenções. 

3. Reafirmo meu compromisso com uma atividade legislativa responsável e comprometida com os interesses verdadeiros da população, diferente dos que querem transformar o plenário da assembleia legislativa em tablado para suas atuações, sem garantir resultados tangíveis para o real benefício pra o maior interessado, o povo maranhense. 

Fico à disposição para eventuais esclarecimentos adicionais. Um grande abraço!