O governador Flávio Dino (PCdoB) entrou na reta final da pré-campanha em uma espécie de inferno astral, com sangrias políticas, partidárias, administrativas e eleitorais. A perda de aliados, somada à de legendas com tempo de propaganda – além de fracassos administrativos em diferentes áreas -, formam uma mistura explosiva, capaz de minar qualquer projeto eleitoral do comunista.

Desde sempre já se sabia que o governo Flávio Dino desestruturou o sistema de saúde do estado, acabou com a malha que garantia escoamento da produção e o direito de ir e vir; perseguiu servidores públicos e empresários e destruiu as finanças públicas, mesmo herdando nada menos que R$ 2 bilhões em caixa.

Mas tudo isso parecia sem efeito eleitoral diante do quadro cada vez mais firme de aliados políticos, garantidos por negociatas e jogo de interesses que aparelhava o governo em troca de apoios. Era com esse cacife que o comunista se preparava para entrar na disputa pela renovação do mandato.

Tudo isso ruiu a partir da decisão do ex-governador José Reinaldo de expor a ingratidão do governador e decidir deixar o governo. O gesto de Tavares estimulou outros, que se preparam para também abandonar a nau comunista.

Abalado administrativamente, com as finanças estaduais destruídas e sem palanque consistente, Dino caminha para o desfecho natural a todos os que se acham absoluto politicamente.

PCdoB em chamas – O comunismo maranhense parece ter virado um caos após o afastamento do ex-governador José Reinaldo Tavares (sem partido). O que se vê diariamente, desde o início da semana, são comunistas atacando comunistas e revelando coisas que podem, inclusive, se caracterizar em crimes.

Na guerra autofágica no pós-José Reinaldo, nem mesmo o governador é poupado das revoltas e chantagens dos membros do seu partido.

Uma das guerras mais violentas registradas esta semana foi a que se desencadeou entre o deputado estadual Raimundo Cutrim e o secretário de Segurança, Jefferson Portela.

Cutrim diz que Portela não aprendeu a investigar e cometeu erros no caso envolvendo o delegado Thiago Bardal que podem, inclusive, levar à anulação da operação.

Em resposta, Portela partiu para cima do colega de partido, levantando dúvidas até de que Cutrim possa ter abafado casos rumorosos quando titular da Segurança.

Mão lavada – Já folclórico como deputado estadual – e com recorrentes confissões de crimes eleitorais -, o comunista Levi Pontes não poupou sequer Flávio Dino em suas inconfidências.

Numa gravação de áudio em que ele chantageia abertamente o prefeito de Chapadinha, Magno Bacelar, em busca de apoio eleitoral, Pontes revelou o que pensa do governador.

– Até no meu quarto de dormir eu tirei o [retrato] da mulher e botei o dele. Não é possível que esse filho da p… não me ajude […] Mão lavada, lava a outra – desabafou Pontes.

Próximas vítimas – O presidente da Famem, Cleomar Tema Cunha (PSB), conversou com o ex-governador José Reinaldo e viu nele a convicção em se manter distante de Flávio Dino.

O vice-governador Carlos Brandão (PRB) também tentou demover o aliado, mas também ouviu o que não queria.

Pior: tanto Tema quanto Brandão ouviram de Tavares que podem ser os próximos a experimentar a ingratidão do comunista encastelado no Palácio dos Leões.

Estado Maior