Nesta quarta-feira (07), na segunda Sessão Ordinária de 2018, o clima esquentou na Assembleia Legislativa e azedou definitivamente o relacionamento entre alguns deputados e os secretários candidatos do Governo Flávio Dino.

O deputado estadual Raimundo Cutrim, que é do mesmo partido do governador Flávio Dino, fez duras e graves acusações contra alguns dos secretários que são candidatos a própria Assembleia Legislativa e a Câmara Federal.

Cutrim afirmou que secretários do Governo Flávio Dino estão claramente cometendo crime eleitoral no Maranhão. Eles estariam condicionando as ações de suas pastas aos apoios dos prefeitos e/ou lideranças políticas do Município. Cutrim chegou a citar algumas frases ditas por alguns prefeitos e nome de secretários que são candidatos em 2018.

“Aqui tem um secretário de Estado que foi a alguns prefeitos, e disse: ‘Olha, eu vou dar isto aqui para ti para você votar em mim. Se não for, eu não dou’. Eu vou dizer aqui o que os prefeitos falaram. O prefeito de Senador La Roque, esse secretário foi lá e prometeu alguns recursos e obras para aquele município: ‘mas só encaminho se você votar em mim’. Então aí há previsão legal de crime eleitoral, a partir do que você condiciona. Prefeito de São João do Caru também. Prefeito de Presidente Vargas, Wellington. Prefeito de Bom Jardim, onde é votado o deputado Neto Evangelista. Prefeito de Pindaré Mirim, onde é votado o Chefe do Gabinete Civil, o Marcelo Tavares”, afirmou Cutrim.

O deputado comunista ainda pediu que o Ministério Público Eleitoral investigue esses fatos, para que a eleição deste ano não fique marcado pelo abuso do poder econômico.

“Então são fatos que nós não podemos aceitar. Secretário do Governo condicionando favor para colocar, tendo que votar nele. Isso é crime, nós não podemos como Assembleia Legislativa, a população e o Ministério Público, não podemos aceitar fatos dessa natureza. Então nós chegamos a um estágio, em pleno ano de 2018, que os gastos exorbitantes têm que ser fiscalizados. Há candidatos que chegam ao município e dizem: olha, eu vou de dar tanto para você votar em mim, com umas estruturas fora da nossa realidade. Então o voto não cai do céu, uma pessoa não pode aparecer com 100, 200 mil votos se não tem um trabalho no Estado, só pelo fato de ter dinheiro para comprar? Nós temos que analisar e verificar que as coisas mudaram depois da Lava Jato”, disse Cutrim.

Em aparte a Raimundo Cutrim, o também deputado governista Vinícius Louro (PR) ratificou o posicionamento do colega e também lamentou a postura de alguns secretários candidatos.

“Eu acho que o Governador tem que buscar mais atenção dentro do Governo, haja vista que a maioria dos seus secretários são candidatos. Prefeitos estão vindo ao Governo do Estado e aí vai despachar com o secretário e a primeira coisa que ele pergunta é com qual deputado o prefeito está. O secretário diz logo ‘rapaz, tu tem essa demanda aqui, mas, para liberar, arruma dois, três vereadores’. Essa é a primeira questão que está acontecendo no Governo do Estado. Isso estou falando como testemunha. Nós estamos sendo ali, vamos dizer, discriminados dentro do governo, quer dizer, que aqui dentro eu sou situação e lá na base eu sou oposição, porque é a nossa forma de tratamento que nós estamos tendo nas nossas bases. E isso é preocupante, no período eleitoral, eu escutei do Governador, logo no início do mandato que ele não ia permitir que nenhum secretário saísse candidato a deputado estadual ou federal”, declarou Louro.

Lembrando que dentro do Governo Flávio Dino, pelo menos sete secretários – Marcelo Tavares (Casa Civil), Simplício Araújo (Indústria), Julião Amin (Trabalho), Adelmo Soares (Agricultura Familiar), Neto Evangelista (Desenvolvimento Social), Márcio Jerry (Comunicação) e Márcio Honaiser (Agricultura) – são candidatos em 2018. Além de Duarte Júnior (PROCON), Pedro Lucas (AGEM) e Odair José (CCL), que estão em cargos importantes na gestão comunista e que serão testados nas urnas em 2018.

Depois de todas essas informações, é o momento do Ministério Público Eleitoral investigar o fato, inclusive ouvindo os dois deputados estaduais, ambos da base do Governo Flávio Dino, e os prefeitos citados pelos deputados.

Os deputados oposicionistas também repercutiram o grave discurso de Raimundo Cutrim, mas isso é assunto para uma outra postagem.