É bem verdade que não é a primeira vez que recai sobre o governador do Maranhão, Flávio Dino, o benefício de ter sido informado antecipadamente de algumas operações, mas desta vez a PGR (Procuradoria Geral da República) deverá ser acionada para investigar o suposto vazamento.

Durante a semana que vem, os deputados estaduais Adriano Sarney (PV) e Andrea Murad (PMDB) e o federal Hildo Rocha (PMDB) irão protocolar um pedido ao procurador­Geral da República, Rodrigo Janot, para a apuração do suposto vazamento, uma vez que existem indícios de que Flávio Dino teve acesso as informações de maneira privilegiada.

“Já estamos confeccionando as petições”, destacou Adriano. “A PGR tem obrigação de investigar r punir quem vazou as informações”, comentou Andrea Murad.

As suspeitas de vazamento surgiram um dia depois de o nome de Flávio Dino aparecer na nova lista da Lava Jato, encaminhada por Janot ao relator do caso no Supremo Tribunal Federal (STDF), ministro Edson Fachin.

Oficialmente, o sigilo das delações de ex­executivos da Odebrecht só foi levantado no dia 4 de abril, data em que o magistrado decidiu abrir 76 inquéritos contra agentes políticos e remeter às instâncias competentes as 200 demais petições – a do governador do Maranhão estava neste segundo grupo.

Para se defender, o comunista apresentou uma certidão do dia 17 de março, duas semanas antes da quebra do sigilo dos dados. O documento diz que o comunista “não apresentou Parecer ou qualquer outra manifestação escrita ao Projeto de Lei 2.279/2007 no âmbito da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania”.

Além disso, o governador apresentou uma pesquisa sobre os autores do projeto, para provar que ele não assinou o texto original da proposta: o documento foi impresso no dia 16 de março.

Nos dois casos, foram mais de 15 dias entre a suposta obtenção de informação privilegiada a respeito da delação de José Filho, e o efetivo levantamento do sigilo dos depoimentos. Ou seja, por qual motivo Dino teria tais documentos? E por qual motivo buscou tais documentos 15 dias antes da divulgação dos fatos e a consequente inclusão do seu nome?

Coincidência – Algo semelhante aconteceu na Operação Turing da Polícia Federal, Dino também parece ter tido informações privilegiadas, podendo agir para proteger a imagem de seu governo ao demitir semanas antes o principal cabeça o esquema de desvio de dinheiro público na Secretaria Estadual de Administração Penitenciária.

É aguardar e conferir.