IPVAAgora, seek tudo é Carnaval, healing é folia, stomach é festa, momento de total descontração e de, por alguns instantes, esquecer os problemas, deixá­-los presos no calabouço da Corte de Momo. Mas Quarta­-Feira de Cinzas está bem aí, pertinho, e, quando chegar, trará consigo a realidade de que agora é hora de trabalhar, de correr atrás, enfim, de fazer as coisas acontecerem.

Afinal, há uma máxima de que o ano no Brasil só começa após o Carnaval. Ainda bem, se é que é possível se pensar assim, que este ano o Carnaval foi mais cedo, em fevereiro. Perde­-se, portanto, apenas dois meses de 2015, isso sem falar nos inúmeros feriadões que se para uns é motivo de alegria, para o Brasil é prejuízo.

O problema é que sair do reino da fantasia do Carnaval para o choque de realidade não é fácil. As velhas preocupações, tais como o que fazer para fechar as contas do mês, com um orçamento cada vez mais apertado, vem à tona.

Endividamento no cartão de crédito, no cheque especial, no empréstimo consignado, além de reajustes constantes nos preços dos produtos, inflação e desemprego, são fantasmas que o folião terá que conviver após o Carnaval.

Somando­-se ainda os gastos remanescentes das festas natalinas, o pagamento de impostos, como o IPVA e IPTU, e a entrega da Declaração de Imposto de Renda, faz com que o brasileiro se dê conta de que a vida não é somente festa e que o Brasil passa por momento de dificuldade. Quem dera fosse fantasia de Carnaval.

Se a economia do país já vinha patinando nos últimos anos, agora então parece que paralisou. Os próprios indicadores do Banco Central mostram essa conjuntura negra para o Brasil, ao indicar que em 2014 a riqueza produzida por empresas e famílias encolheu 0,15%, segundo pior resultado em uma década, sendo superado pela contração registrada em 2009, quando o encolhimento foi de 1,25%.

Todo esse problema foi agravado ainda com os gastos excessivos do Governo Federal e de medidas de ajuste fiscal tomadas com a finalidade de equilibrar as contas públicas, mas que só geram mais desconfiança no mercado, sem falar na corrupção desenfreada na Petrobras, que está abalando a credibilidade do país.

Essa onda de pessimismo e de falta de perspectivas que contaminou a economia brasileira refletiu negativamente em todas as atividades, seja comércio, indústria, serviços e até mesmo no agronegócio.

Como consequência, caiu o investimento, a produção diminuiu, o desemprego aumentou, os juros estão na estratosfera, o consumo retraiu. Empresas estrangeiras que apostaram no Brasil já não o veem como um bom lugar para se investir, pois estão obtendo resultados financeiros pífios. A credibilidade e confiabilidade no país já não têm mais lastro e o capital externo tende a se deslocar, deixando no vácuo o chamado “espetáculo do crescimento” tão propalado pelo Governo Federal, mas que se esvai como fumaça.

Passado o Carnaval, é hora de o Governo Federal trabalhar para que o Brasil retome os investimentos e gere mais empregos, de modo que o país volte a crescer ao patamar de sua importância no contexto econômico mundial.

Editorial de O Estado do Maranhão