Drama partidário

por Jorge Aragão

Autodeclarado “decidido a se candidatar ao governo”, o deputado estadual Eduardo Braide vive um drama nesta fase da pré-campanha que pode se arrastar até as convenções; drama este que só aumentou com a decisão do ex-governador José Reinaldo Tavares de se filiar ao PSDB.

Do alto do seu minúsculo PMN, Braide tem meros de 6 segundos de tempo na propaganda eleitoral, além de não ter bancada suficiente para garantir presença nos debates. Tem apenas cinco dias, a contar de hoje, para conseguir um partido de peso, com tempo de propaganda e bancada na Câmara, capaz de garantir uma campanha plena. Ou pelo menos receber a garantia de um aliado de que terá esse partido nas convenções.

Se conseguir ele próprio uma legenda que consiga dar-lhe tempo de, ao menos, fazer um programete de 30 segundos, Braide terá dado um passo importante. Se receber garantias de aliados, continuará vivendo o drama e a indecisão, pelo menos até as convenções.

A garantia dada por José Reinaldo de que estará em seu palanque, assim como no do senador Roberto Rocha (PSDB), apenas amplia a confusão em relação à candidatura Braide. Até porque Tavares não tem o controle do ninho tucano.

O candidato do PMN, que aparece nas pesquisas pelo recall das eleições de 2016 – e sofre as dores da indefinição também por causa daquele pleito –, continuará o seu drama até 15 de agosto, quando se encerra o prazo das convenções. Até lá, estará cercado pela indefinição.

Estado Maior

Dividido por dois

por Jorge Aragão

Após tantas idas e vindas, encontros e desencontros, o ex-governador José Reinaldo Tavares finalmente encontrou o seu porto partidário para disputar o Senado Federal. Vai se filiar ao PSDB, que tem o senador Roberto Rocha como candidato a governador.

Mas, Tavares chega ao ninho tucano com uma proposta tão inusitada quanto inédita no Brasil: vai fazer campanha tanto para Roberto Rocha quanto para o também candidato a governador Eduardo Braide (PMN). O anúncio, feito pelo próprio ex-governador, soou tão estranho que gerou uma onda de especulações nos bastidores políticos.

Estaria José Reinaldo chegando ao PSDB com a missão de atrair o partido para a candidatura de Braide? Ou estaria Braide já convencido por Tavares a abrir mão da candidatura, fechando com Roberto Rocha?

José Reinaldo é tido como excelente estrategista da política maranhense, sobretudo pelas suas articulações vitoriosas de 2006 e 2014, quando elegeu Jackson Lago (PDT) e Flávio Dino (PCdoB). Mas desde que rompeu com Dino, ele dá sinais de confusão em sua observação política, com declarações desconexas e atos atabalhoados.

Mas, pode ser também parte da estratégia para vencer – como já declarou – aquele que ele inventou para a vida pública. O PSDB tem o controle de Roberto Rocha e do ex-prefeito Sebastião Madeira, que são os que decidem seus destinos. Resta saber se Tavares combinou com eles.

Estado Maior

Um mero contador de lorotas…

por Jorge Aragão

A expressão acima tem reticências porque precisa ser completada com outra: “…e não fez”. E basta fazer um balanço dos últimos quatro anos para se perceber que o exercício falastrão do governador comunista não foi além do que realmente era em 2014: falácia.

E quem melhor definiu essa característica foi o ex-secretário de Planejamento do Maranhão, Fábio Gondim, em suas redes sociais, numa resposta ao também ex-secretário Joaquim Haickel, que queria reforçar a memória com mais uma das promessas do comunista, a de que seus auxiliares não seriam candidatos.

“Disse isso, disse que não usaria aviões e helicópteros, disse que reduziria a despesa em propaganda…”, frisou Gondim, para complementar: “Não tem muito compromisso com a verdade”.

E essa falta de compromisso do atual ocupante do Palácio dos Leões com a verdade dos fatos, a verdade histórica e a administrativa viraram uma característica intrínseca do seu governo, que entra agora na fase final.

Diante de tantas promessas não cumpridas, frases que se perderam no ar e verdades que não se concretizaram, Dino é hoje, quatro anos depois de chegar como a mudança do Maranhão, aquilo que Joaquim Haickel definiu a Gondim: “Um mero contador de lorotas”.

Estado Maior

Janela se fechando

por Jorge Aragão

Faltam exatos 15 dias para o fechamento da janela partidária que permite aos candidatos às eleições de outubro a troca de partidos sem infringir leis eleitorais. Até o dia 7 de abril, candidatos a presidente, governador, senador e deputado federal e estadual terão de buscar um abrigo partidário que lhes garanta condições de se eleger em outubro. E é exatamente este o problema.

É cada vez mais restrito o espaço em legendas que ofereçam o mínimo de condições estruturais para seus filiados – militância, tempo de propaganda, consolidação programática… – sem que oprimam seus valores. E há uma profusão de candidatos ainda em busca deste espaço.

Na lista dos “sem-partido” está desde o candidato a governador Eduardo Braide (ainda no minúsculo PMN), até centenas de candidatos a deputado federal e estadual, passando pelos candidatos a senador José Reinaldo Tavares (sem partido) e Waldir Maranhão (Avante).

Além de encontrar uma legenda que lhes dê abrigo, esses candidatos precisam ter tempo na propaganda eleitoral, uma chapa de qualidade para a disputa e, sobretudo, um palanque de peso, que abrigue um candidato a presidente e um candidato a governador com o mínimo de competitividade.

E são esses pré-requisitos que tornam ainda mais tensos os últimos dias de janela aberta para filiações.

Estado Maior

Em tempo: conforme o Blog já destacou, a janela partidária só é válida para políticos que estejam no último ano de mandato (reveja)

DEM na briga

por Jorge Aragão

Engana-se quem pensa ser fato consumado a aliança do partido Democratas com o PCdoB do governador Flávio Dino. Apesar das articulações de interesses do presidente da Câmara Federal, Rodrigo Maia (RJ), com o comunista maranhense, há outras peças vinculadas ao DEM que não veem com bons olhos essa aliança. E trabalham freneticamente contra isso.

E nesse meio de campo está ninguém menos do que o ex-governador José Reinaldo Tavares (sem partido). Filiado histórico ao DEM, desde quando a legenda se chamava PFL, Tavares tem relações de longa data com os principais dirigentes do partido, que não dão uma pataca furada pela candidatura de Rodrigo Maia ao Palácio do Planalto. E a possibilidade de entrada do presidente Michel Temer (MDB) na disputa pela reeleição anima ainda mais o xadrez político.

O DEM fica numa espécie de meio-caminho entre o MDB e o PSDB e tem quase nada ou nenhuma relação política, ideológica, programática ou doutrinária com o PCdoB. Os dois partidos são absolutamente distintos entre si, e só na cabeça oportunista de Flávio Dino há a possibilidade de unidade entre eles.

José Reinaldo se empenha em Brasília para encaminhar o projeto democrata, que pretende ter um palanque próprio no Maranhão, o que beneficiaria o próprio Rodrigo Maia, se este for mesmo candidato a presidente. E até julho, as coisas continuarão indefinidas.

Estado Maior

Candidatura confirmada

por Jorge Aragão

O deputado estadual Eduardo Braide (PMN) confirmou que será candidato a governador nas eleições deste ano. E pelo que afirmou, sua candidatura será ligada ao deputado federal Zé Reinaldo Tavares (sem partido). Com Braide, agora existem seis pré-candidatos ao Palácio dos Leões.

Além do deputado do PMN, se colocam como pretendentes ao governo Roseana Sarney (MDB), Maura Jorge (Pode), Ricardo Murad (PRP), Roberto Rocha (PSDB) e Flávio Dino (PCdoB), que quer a reeleição.

A chegada de Braide na disputa reforça a ideia de que o pleito no Maranhão será decidido em dois turnos, algo que os comunistas querem evitar. O melhor dos mundos para o governador seria uma disputa polarizada. Com mais de cinco candidatos, as chances de uma vitória no primeiro turno são bem pequenas.

A pré-candidatura de Eduardo Braide também reforça outra situação: o rompimento de Zé Reinaldo com Flávio Dino é mesmo irreversível.

Resta saber agora como Braide vai viabilizar essa candidatura costurando alianças e com quais partidos. Pelo que afirmou, uma das possibilidades é o DEM, que já filiou aliados de Flávio Dino, mas onde, mesmo assim, Zé Reinaldo ainda tenta ficar, no Maranhão.

Possibilidade – Outra possibilidade que não deve ser descartada é a união de Eduardo Braide, Zé Reinaldo e o senador Roberto Rocha.

Se essa linha for confirmada, Eduardo Braide conseguirá ter um tempo bom de propaganda eleitoral no rádio e na TV.

Fica somente uma dúvida: será que Tavares e Rocha deixariam as diferenças de lado para se unir neste projeto.

Estado Maior

Sem prestígio

por Jorge Aragão

O tempo de televisão para os partidos políticos foi definido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). E, como já esperado, o PT e MDB são os que terão mais tempo, ficando cada um com pouco mais de um minuto.

O tempo de propaganda eleitoral no rádio ou na televisão, para uma campanha eleitoral, é o que há de mais valor para cada legenda.

No Maranhão, essa valiosa moeda vale somente para o MDB e PSDB, partidos que terão candidatura própria a governador do estado. Só não vale para o PT, que poderá garantir ao governador Flávio Dino (PCdoB) quase a metade do tempo total que o comunista terá na campanha eleitoral deste ano.

Os petistas estão dando de graça a única arma que eles têm para o PCdoB, que se preocupa somente em garantir o DEM ­ que tem somente 19 segundos ­ dando, possivelmente, o espaço na chapa majoritária na vaga de vice­governador.

O PT maranhense tem ainda menos prestígio que o PDT, cujo tempo (18 segundos) nem deverá computar para a propaganda comunista. O partido fundado por Leonel Brizola já tem há meses a garantia de que uma das vagas de candidato ao Senado vem do PDT.

E o que resta para o PT? Só as velhas promessas de espaço na gestão sem que haja, realmente, qualquer garantia. Outra promessa dada é de garantir ampliação das bancadas do partido tanto na Assembleia Legislativa quanto na Câmara Federal.

Mas para algo tão precioso, o que fica parecendo é que o PT pouco se valoriza. E Flávio Dino se aproveita da apatia dos membros do partido do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Culpado – Parte dos petistas coloca culpa dessa falta de prestígio no presidente estadual da legenda, Augusto Lobato.

Internamente no PT, Lobato é acusado de fazer o jogo a favor de Flávio Dino, em detrimento dos interesses do próprio partido. Medo de perder o pequeno espaço de assessor especial que tem no governo comunista, Augusto Lobato acaba se submetendo aos caprichos do governador.

Estado Maior

Rosângela aponta dedos

por Jorge Aragão

Ao contrário do que esperavam os comunistas, aliados e desavisados, a entrevista da ex-secretária-adjunta de Saúde Rosângela Curado (PDT) foi, sim, bombástica para o projeto de poder do Governo Flávio Dino. Em primeiro lugar, Rosângela, que foi presa sob acusação de comandar uma quadrilha que desviou R$ 18 milhões da Secretaria de Saúde, afirmou que ainda tem mais gente que precisa ser investigada.

“É um inquérito de investigação e ainda tem muita gente para ser investigada, ainda tem muita gente pra ser ouvida, muitas pessoas, pessoas que fazem parte da gestão da Saúde. Não fui só eu, eu já não estava mais lá dentro”, declarou ela, com todas as letras.

É praticamente uma confissão de culpa, mas com o adicional de que havia gente acima dela dando ordens para o que precisava ser feito. Até ser presa, Rosângela era mulher de confiança do secretário Márcio Jerry, foi a candidata a prefeita de Imperatriz do governador Flávio Dino e aliada histórica do deputado federal Weverton Rocha (PDT). Uma operacional do time comunista, portanto.

A entrevista mostra também as mágoas da ex-secretária, quando cobra da Polícia Federal a ampliação das investigações. Em momento algum, Rosângela negou a existência da corrupção no governo Flávio Dino – o que já é uma mancha escura no perfil do comunista – mas apenas apontou que existe mais gente no esquema.

E isso, por si só, já seria suficiente para derrubar qualquer governo em um estado transparente e livre.

Estado Maior

Poder irritado

por Jorge Aragão

O governador Flávio Dino mostrou-se mais irritado do que o normal nos últimos dias. Motivos não lhe faltam e vão desde a movimentação da oposição no interior – sobretudo as articulações da ex-governadora Roseana Sarney (MDB) – até as ações judiciais envolvendo auxiliares, no âmbito criminal e eleitoral.

Conhecido pelo temperamento autoritário, Dino mostrou-se esta semana também agressivo, virulento, quase indo às vias de fato. Nas redes sociais, ele deixou o tom cínico e irônico com que comenta as questões políticas por agressão aos adversários, beirando o pessoal, sinal de que terá dificuldades de encarar os reveses da campanha.

Do alto de seu mandato, Dino nunca esperou ser confrontado de forma tão contundente. Pior: sem ter como dar resposta consistente. E as várias frentes que se formaram o tiraram completamente do eixo.

Na caravana que liderou no interior, Roseana Sarney comparou cada ação do seu governo com a falta de ação dos comunistas. E mostrou documentos para provar o que dizia. Em outra frente, Maura Jorge esteve na Região dos Cocais, confrontando o perfil autoritário do governador, do qual já foi vítima.

Sem falar nos discursos ferinos do deputado Eduardo Braide (PMN), mostrando o autoritarismo comunista também na montagem dos conselhos estaduais. Tudo isso fez com que Dino perdesse o controle emocional nesses dias. E a campanha está apenas começando.

Estado Maior