Momento de cada um…

por Jorge Aragão

Faltando menos de 14 meses para o início das convenções que vão definir os candidatos a governador no Maranhão, os principais nomes já postos à disputa como potenciais postulantes ao comando do estado vivem momentos quase parecidos, ainda que com diferenças de procedimento entre eles.

O momento de cada um:
Flávio Dino (PCdoB): o atual governador teve duas importantes ações que fortaleceram seu projeto na semana passada. O PSDB e o PT manifestaram claro interesse de estar em seu palanque, por mais estranho que isso possa parecer, já que as legendas são antagônicas.

Roseana Sarney (PMDB): em São Luís, há duas semanas, a ex-governadora mantém a rotina de conversar nos bastidores com lideranças políticas e partidárias. Ontem, estreou programa do PMDB na TV, em que mostra suas obras e serviços do tempo em que governou o estado.

Roberto Rocha (PSB): o senador recuou nos últimos dias, curiosamente no mesmo momento em que o seu principal antagonista na legenda, José Reinaldo Tavares, anunciou deixar o partido; único candidato assumido ao governo, Rocha entrou em compasso de espera.

Maura Jorge (PTN): ativa no interior do estado, a ex-deputada e ex-prefeita recebeu a garantia do comando do partido de que pode ser mesmo candidata; e está na propaganda partidária, como protagonista, ao lado do deputado federal Aluisio Mendes.

Há outros nomes se insinuando para a disputa, como o deputado estadual Eduardo Braide (PMN) e o prefeito de Santa Rita, Hilton Gonçalo (PCdoB). Mas os quatro primeiros se movimentam com mais ênfase.

Coluna Estado Maior

Implicações demais

por Jorge Aragão

Desde que anunciou que estava de saída do PSB – e logo em seguida anunciar-se pré-candidato a senador – o deputado federal José Reinaldo Tavares vive um périplo em busca de legendas que o abriguem para o pleito de 2018.

Mas há implicações demais no abrigo ao ex-governador. As legendas que topam encarar a candidatura do ainda socialista (ele não deixou oficialmente o PSB) não concordam com o seu projeto de aliança. Para o PSDB, por exemplo, José Reinaldo pode até ser um bom candidato, mas traz consigo o apêndice de ter que apoiar a reeleição do governador Flávio Dino (PCdoB) – que sequer dá bola para sua candidatura.

Além disso, as legendas de menor porte sentem a desconfiança que o ex-governador carrega consigo desde que decidiu romper com o seu grupo político, após assumir o Governo do Estado, em 2002.

Muitos entendem que Tavares busca legenda apenas para se eleger, sem compromisso ideológico com partido ou liderança.

Além do próprio nome, José Reinaldo tem pouco a oferecer nas negociações de aliança para uma chapa majoritária. Ele depende muito mais de aliados como o próprio Dino – ou como o presidente da Famem, Cleomar Tema Cunha – do que do seu próprio cacife.

Sabendo disso é que o ex-governador tenta viabilizar-se em uma legenda com peso suficiente para bancar seu nome ao Senado. Mas não abre mão de que seja por um único caminho. O que dificulta seu poder de articulação.

Coluna Estado Maior

Portas fechadas

por Jorge Aragão

O ex­-governador José Reinaldo Tavares teve duas conversas significativas antes de decidir lançar-­se candidato ao Senado.

Reuniu­se, primeiro, com o senador Agripino Maia, presidente do DEM. Depois, foi até São Paulo, para conversar com o governador Geraldo Alckmin, do PSDB.

Ambos garantiram legenda a Tavares para ser candidato a senador, mas impuseram a condição de não coligação com o PCdoB, de Flávio Dino.

Coluna Estado Maior

Entre PT e PSDB

por Jorge Aragão

O governador Flávio Dino (PCdoB) atuou como uma espécie de malabarista nas eleições de 2014, equilibrando-se entre o tucano Aécio Neves, que veio várias vezes a São Luís, durante o primeiro turno, e a petista Dilma Rouseff, escolhida por ele no segundo turno das eleições presidenciais, quando já estava eleito no Maranhão.

O governador parece achar que pode repetir a mesma estratégia em 2018. Ele não quer abrir mão do apoio do PSDB à sua candidatura, mas não cogita também ter o PT em outro palanque.

O problema é que a realidade de 2018 será completamente distinta de 2014. E os ânimos entre petistas e tucanos – com suas visões diferentes de governo – deverão estar em um nível quase insuperável de acirramento nas próximas eleições presidenciais.

Dino não governa um estado de peso eleitoral, como São Paulo ou Minas Gerais. Também não pertence a um partido com significância decisiva na formação de alianças. E sequer tem a mostrar uma gestão pujante, capaz de influenciar o eleitorado de fora do Maranhão.

Sonha, portanto, em querer continuar fazendo seus malabarismos entre dirigentes tucanos e petistas – ainda que muitos deles sonhem apenas com espaços garantidos no quinhão comunista.

Flávio Dino vai ter que escolher entre o PT e o PSDB em seu palanque, e já sabe disso. Tucanos têm alertado a cúpula nacional da presença de petistas com peso extra no palanque de Dino. E petistas têm ganhado cada vez mais peso à medida que o ex-presidente Lula mostra-se cada vez mais pronto para a disputa presidencial.

E quanto mais o comunista demorar na decisão de que lado escolher, mais vai criando condições para acabar perdendo os dois.

Coluna Estado Maior

Sobre pesquisas e estratégias

por Jorge Aragão

Há dois principais grupos cotados para a disputa eleitoral majoritária de 2018: o do atual governador Flávio Dino (PCdoB) e o da ex-governadora Roseana Sarney (PMDB). E ambos estão, a estas alturas da pré-campanha, em pleno monitoramento dos cenários, com levantamentos e pesquisas qualitativas que medem todos os aspectos da disputa.

E a reação de cada um dos postulantes é sintomática da situação em relação à opinião do eleitor maranhense.

Roseana, por exemplo, retornou entusiasmada de Brasília, há duas semanas; e passou a se reunir com lideranças partidárias da capital e do interior.

Nos últimos dias, conversou com deputados, prefeitos e dirigentes partidários.

Em contrapartida, sintomaticamente, Flávio Dino passou a construir uma agenda política de forte apelo eleitoral. Esteve na região do Munim, em conversa com vereadores, fez questão de participar da convenção que reconduziu o vice-governador Carlos Brandão à presidência do PSDB e já tem agenda marcada com vereadores de todos os municípios, no fim de maio.

São movimentos ainda incipientes no jogo eleitoral do ano que vem. Mas são os únicos grupos com estrutura para monitorar os movimentos do eleitor, construindo as agendas de acordo com a revelação que os números trazem.

E cada qual analisa a seu modo o gesto do adversário, a partir do que tem em mãos.

Coluna Estado Maior

Nem aí para ele

por Jorge Aragão

O governador Flávio Dino (PCdoB) poderia ter aproveitado a festa organizada pelo prefeito de Tuntum, Cleomar Tema (PSB), para mostrar que apoia a candidatura do ex-governador José Reinado Tavares (sem partido) ao Senado Federal. Mas ignorou, como tem feito desde o início do governo. Como tem ocorrido em todas as ações políticas de Tavares, Dino silenciou diante da manifestação pública em favor do seu padrinho político.

Desde que se declarou interessado na disputa pelo Senado, Tavares tem esperado uma declaração pública de Flávio Dino em seu favor, o que nunca ocorreu. E o comunista não pode nem dizer que evitou fazer uso político do governo, já que, no dia seguinte, lá estava ele na convenção que reconduziu o vice-governador Carlos Brandão ao comando do PSDB.

Não é de hoje que o presidente da Famem, Cleomar Tema, trabalha para viabilizar o nome de José Reinaldo. No dia da sua posse na Famem, ele já havia declarado que apoiaria o ex-governador ao Senado. Enquanto isso, Dino mostra-se calado.

Para representar o comunismo no encontro de Tema, foi enviado o presidente regional do PCdoB, Márcio Jerry, conhecido desafeto de José Reinaldo – e que, inclusive, já declarou apoio à candidatura do também deputado federal Weverton Rocha (PDT).

Os movimentos de Dino podem até ser para evitar desgastes antes da hora. Mas fica a impressão de que ele ignora a candidatura do seu padrinho político. Isso fica bem nítido.

Coluna Estado Maior

Tragédia anunciada

por Jorge Aragão

A tragédia ocorrida em Viana no fim de semana, após um confronto armado entre uma família de agricultores e indígenas da etnia Gamela – que ainda aguardam reconhecimento da Funai sobre demarcação da terra – estava anunciada há mais de um ano.

Esse é o período durante o qual moradores da cidade que vivem da agricultura de subsistência aguardam do Ministério da Justiça, da Funai e do poder público estadual uma solução para um conflito que começou desde que chegaram a uma área compreendida por Viana, Matinha, Penalva e Pedro do Rosários homens que se auto-intitulam indígenas e que reivindicam a posse de terras ocupadas pelos trabalhadores há quase 100 anos.

Desde então, a ação dos Gamela é cada vez mais recorrente e os agricultores reclamam de violência – há casos de pessoas sendo expulsas de suas propriedades.

No domingo, 30, moradores de Viana se reuniram em praça pública, quando receberam do deputado Aluisio Mendes (PTN) e de outras autoridades uma palavra de conforto: que aguardassem, sem violência, por mais 15 dias, porque o Ministério da Justiça assumiria a causa para dar uma solução definitiva.

Uma ação inusitada dos índios, no entanto, elevou o nível de tensão. Eles fizeram refém uma senhora de mais de 80 anos. Amarraram e amordaçaram a mulher, como uma espécie de recado aos demais.

Depois, partiram para tomar mais uma propriedade. Mas a família recebeu os invasores à bala, num confronto que terminou com duas pessoas gravemente feridas – os índios relatam que houve vítimas com mão decepadas e dizem que foram eles os atacados quando deixavam uma área.

Já passa da hora de a União – ou o Estado – interceder, para evitar mais mortes.

Sem energia – Os auto-intitulados índios Gamela não têm ameaçado apenas moradores da Baixada Maranhense na luta pelo reconhecimento de suas terras.

No início do ano, eles chegaram a impedir o trabalho de uma equipe da Cemar no local. Os trabalhadores implantavam uma nova linha de transmissão de energia.

Armados de arcos e flechas, eles cercaram a equipe de trabalho, e a ameaçou.

Tentou – O deputado federal Aluisio Mendes (PTN) bem que tentou, mas não conseguiu evitar que a tensão entre agricultores e índios Gamela descambasse para um confronto aberto.

No domingo, 30, diante do acirramento dos ânimos, ele chegou a pedir aos trabalhadores rurais ameaçados pelos indígenas mais tempo para que o poder público agisse

– Estou pedindo a vocês 15 dias de prazo. Nós vamos a Brasília de novo nesta semana, relatar o que nós vimos, e pedir providências imediatas -, discursou Mendes. O apelo não foi atendido.

Coluna Estado Maior

Pressão nos Tucanos

por Jorge Aragão

O desempenho do ex-presidente Lula (PT) na mais recente pesquisa de intenções de votos para presidente realizada pelo Datafolha representa um desastre para o PSDB no Maranhão. Por dois motivos principais.

O primeiro – e mais óbvio – é o fato de que a corrida sucessória está sendo liderada por um adversário. O segundo diz respeito à disputa paroquial: a ala do tucanato maranhense que defende a aliança com o governador Flávio Dino (PCdoB) em 2018 pode ter mais problemas em sustentar essa tese, caso Lula siga na frente.

Dino, é claro, fará campanha mesmo é para o petista. E, se tiver o apoio do PSDB, certamente não moverá uma palha pelo candidato do partido a presidente – e a postura do governador após a divulgação do resultado da Datafolha já é um sinal claro disso. Não há qualquer indício de que Dino faria campanha para Alckmin, Aécio ou Dória, em vez de para Lula.

Sendo assim, para os tucanos, lutar pela reedição da aliança com o PCdoB no Maranhão é a confirmação de que os líderes do PSDB no estado não têm nenhum interesse em garantir no estado uma estrutura mínima de apoio ao candidato do partido a presidente da República.

E a cúpula nacional da sigla dificilmente aceitará isso.

Coluna Estado Maior

Dois irmãos e duas visões

por Jorge Aragão

Não é a primeira vez que o procurador Nicolao Dino faz questão de fazer referências críticas a fatos envolvendo o seu irmão, governador Flávio Dino.

Dino, o governador, chegou a se posicionar contra a Operação Lava Jato, tentando desqualificá-la – logo que seus parceiros foram pegos nas delações.

O outro Dino, o procurador, sempre disse que o caixa 2 – prática pela qual o irmão fora delatado – era tão corrupção quanto qualquer tipo de corrupção.

Em entrevista à Folha de S. Paulo, Nicolao Dino ressaltou ser “diferente” do irmão Flávio, ao ser perguntado sobre as denúncias contra o governador maranhense.

E ressaltou que sempre procurou seguir a carreira para a qual prestou concurso público ainda no início dos anos 1990.

Para lembrar: Flávio Dino foi aprovado em concurso para juiz na mesma época, mas deixou a carreira seduzido pelas articulações da Política.

Coluna Estado Maior

Pressão

por Jorge Aragão

Tucanos da ala oposta da do presidente estadual do PSDB no Maranhão, Carlos Brandão, decidiram intensificar as pressões para que o partido tenha uma direção definida para as eleições de 2018. Na contramão, Brandão – que é vice-governador do estado – investe cada vez mais forte para manter a sigla como aliada do PCdoB do governador Flávio Dino.

O ex-prefeito de Imperatriz, Sebastião Madeira, procurou o governador de São Paulo, Geraldo Alckimin, para conversar sobre o futuro do PSDB no Maranhão. O partido faz parte da base aliada do governador Flávio Dino, o que deixa a legenda completamente na posição oposta ao objetivo nacional dos tucanos.

Madeira quer que a direção nacional se posicione logo sobre o que, para ele, parece um impasse: um partido que é adversário do PT e seus aliados (e o PCdoB é aliado) continuar no hall dos apoiadores de uma candidatura comunista.

O problema é que a direção nacional ainda parece não ter interesse em dizer como o PSDB do Maranhão deve se comportar. Para o ex-prefeito de Imperatriz, com essa postura, a direção nacional tucana poderá perder o timing e a legenda se manter no colo de Flávio Dino.

“Ele voltou a dizer que o PSDB não ficará com o PCdoB. Mas não adianta dizer sem tomar posição. E se deixar para 2018, perde o timing da eleição”, disse Madeira.

O suplente de senador Pinto Itamaraty, que é vice-presidente do PSDB, já havia declarado em fevereiro que somente no segundo semestre deste ano é que o partido começaria a discutir nacionalmente os rumos que serão seguidos.

Segundo Itamaraty, há uma tendência já exposta pela direção nacional que nas capitais do Brasil a sigla tenha candidatura própria.

Agora resta saber quem vencerá essa batalha interna. E se for Brandão, saber como se posicionará Flávio Dino, cujo partido é aliado de primeira linha do PT.

Rumos – E Sebastião Madeira busca apresentar rumos para o PSDB. Além da tese de candidatura própria, o ex-prefeito de Imperatriz pensa em apoiar uma candidatura que não seja a de Flávio Dino.

Madeira visitou o senador Roberto Rocha do PSB, que é pré-candidato ao governo estadual em 2018.

O ex-prefeito disse que, além da conjuntura política nacional, também os dois conversaram sobre a candidatura do socialista como segundo ou terceira via.

Coluna Estado Maior