Desprezo e humilhação

por Jorge Aragão

O governador comunista Flávio Dino mostra, a cada movimentação ou discurso político, um distanciamento cada vez maior do ex-governador José Reinaldo Tavares (PSB), atual deputado federal que sonha ser o seu candidato a senador.

As declarações de Dino sobre o assunto – ele já escolheu o também deputado Weverton Rocha (PDT) para a primeira vaga – mostram que Tavares não é, nem de longe, o preferido para a segunda vaga.

A postura de desprezo de Dino em relação ao ex-governador – que foi o responsável pela inserção do comunista na vida pública, ao bancar sua eleição a deputado federal em 2006 – chega a ser até humilhante.

Na lista de candidatos de Dino há outros dois deputados federais postulantes à vaga de senador: Eliziane Gama (PPS) e Waldir Maranhão (Avante).

Em condições normais de gratidão e articulação, natural que o governador já tivesse se posicionado favorável ao seu padrinho, com maior cabedal eleitoral do que os dois. Mas Dino prefere silenciar, alimentando o sonho de todos, num processo de humilhação que nem o maior inimigo do governador mereceria.

Diante do desprezo de Flávio Dino, José Reinaldo apelou para o DEM, que chegou a trazer seu presidente nacional, Rodrigo Maia, para dizer ao governador que a legenda só coligaria com o PCdoB com a condição de ter Tavares – que ainda continua no PSB – na chapa senatorial.

Mesmo diante da pressão do DEM o comunista manteve-se calado em relação à vaga. Mas, sem ter para onde ir, José Reinaldo prefere manter-se à espera de uma decisão.

Estado Maior

Palanque esvaziado

por Jorge Aragão

O governador Flávio Dino (PCdoB) corre o risco de ter o seu palanque totalmente esvaziado nas eleições de 2018. Sem tempo de TV, seu nanico partido depende de outras legendas para formar um grupo capaz de garantir tempo mínimo na propaganda. Mas a tendência é que cada vez mais partidos comecem a esvaziar o palanque comunista.

O primeiro a debandar foi o PSDB, que terá candidatura própria do senador Roberto Rocha no Maranhão. Os tucanos têm o terceiro maior tempo na propaganda, e foram os responsáveis pela exposição do governador comunista nas eleições de 2014.

A julgar pela movimentação das várias correntes do partido – que tendem a transformar o presidente regional Augusto Lobato em uma espécie de rainha da Inglaterra -, o PT também deve ser outro a recuar de entrar na barca comunista. A direção nacional deve determinar candidatura própria, para dar um palanque forte a Lula.

Sem PSDB e PT, Dino só poderá contar com o DEM, PSB e PDT para formar seu tempo na TV. Mas tanto o DEM quanto o PSB também tendem a buscar outros rumos, a julgar pela movimentação nacional.

E o comunista terá que se contentar com seus parceiros de esquerda para fazer sua coligação. Mas sem propaganda, terá dificuldades de explicar porque a mudança não ocorreu no Maranhão.

Estado Maior

Mea culpa

por Jorge Aragão

A decisão da Companhia de Saneamento Ambiental do Maranhão (Caema), de dar descontos para alguns consumidores de água ligados do Sistema Italuís, é uma decisão louvável. Mas encerra em si um mea culpa da empresa, protagonista de uma das maiores lambanças institucionais, no sábado, 9, ao deixar quase 160 bairros da capital maranhense sem água por seis dias.

Ao tentar ligar o novo projeto Italuís – desenvolvido no governo Roseana Sarney (PMDB) e entregue praticamente pronto para o governo Flávio Dino (PCdoB) apenas fazer a conexão dos canos -, a Caema acabou por gerar um caos ao consumidor de água.

Uma mudança no projeto, determinada no governo comunista, alterou as plantas das adutoras, com novos conectores, que acabaram não funcionando.

A decisão da Caema reconhece que a empresa errou, mas não encerra o assunto. O governador Flávio Dino chegou a denunciar suposto boicote à operação, o que soou ridículo aos olhos de toda a sociedade.

E já há, inclusive, denúncia formal, do deputado Hildo Rocha (PMDB), acusando o próprio Flávio Dino pela lambança de sábado, já que partiu dele a decisão de mudar o projeto, provocando um aditivo de R$ 31 milhões na obra, que acabou sendo descartada, pelo menos a médio prazo.

Não há prazo para nova tentativa de religação do sistema; e o antigo, construído no governo João Castelo, está funcionando com retenção de vazão, para evitar novos rompimentos. Nada mais justo que a Caema indenizar a população prejudicada.

Estado Maior

Cenário construído

por Jorge Aragão

Aos poucos, o cenário das eleições majoritárias de 2018 no Maranhão vai sendo montado, com os principais personagens tomando seus lugares no palco da disputa. Ontem, o ex-secretário Ricardo Murad (PRP) anunciou sua pré-candidatura ao governo. Há duas semanas, o PDT havia referendado o nome do deputado Weverton Rocha para o Senado, no mesmo período em que o senador Roberto Rocha confirmou sua candidatura ao governo pelo PSDB.

Em meados de novembro, a ex-governadora Roseana Sarney (PMDB) também já havia se manifestado interessada na disputa pelo governo e até agora é a única dos candidatos majoritários a ter uma chapa completa de senadores, com o ministro Sarney Filho (PV) e o senador Edison Lobão (PMDB).

Além do governador Flávio Dino (PCdoB), de Roseana Sarney, Ricardo Murad e Roberto Rocha, a disputa pelo governo já tem confirmada também a ex-prefeita Maura Jorge (PODE). Falta apenas a definição do deputado Eduardo Braide (PMN) – se entra na corrida majoritária ou disputa vaga na Câmara Federal. Sem falar no candidato da chamada ultradireita maranhense, o coronel Monteiro Segundo.

É este o quadro que se desenha para as eleições de 2018, com uma ou outra mudança no esboço inicial, que não interferirá na pintura final.

Estado Maior

Lambança comunista

por Jorge Aragão


A lambança do governo Flávio Dino (PCdoB) na tentativa de implantação do novo Sistema Italuís levou setores do próprio governo comunista a mover ações contra a Caema. O Procon-MA, por exemplo, quer saber as causas do corte no fornecimento d’água a 160 bairros, desde sábado, exatamente quando o novo sistema deveria começar a operar.

Desde sábado, quando o novo sistema entrou em colapso, Flávio Dino, como de costume, tentou culpar adversários, imprensa e até gestões passadas da Caema pelo erro, que é exclusivamente seu. Foi no governo comunista que o projeto do novo Italuís – praticamente todo construído no governo Roseana Sarney (PMDB) – foi alterado e aditivado em 25%.

Na mudança de projetos, os engenheiros comunistas de Dino desenvolveram uma tal conexão em “Y”, que acabou se rompendo com a pressão da água.

O resultado é que, para garantir o abastecimento nos bairros, o governo foi obrigado a religar o antigo sistema. E o novo vai ter que esperar mais para uma nova tentativa de funcionamento.

A lambança comunista na operação do Italuís foi um dos piores momentos do governo comunista. Mais uma vez, porém, exaltou também a faceta mais dissimulada do governador que ora ocupa o Palácio dos Leões: a de jogar a responsabilidade de seus erros para terceiros.

Desta vez, no entanto, não houve como esconder a lambança.

Estado Maior

A prepotência comunista

por Jorge Aragão

O caso da adutora do Sistema Italuis, que rompeu logo após ser inaugurada pelo governo estadual, no final de semana, mostra exatamente a característica principal da administração do governador Flávio Dino: a prepotência.

Mesmo dando continuidade a uma obra da gestão anterior, o comunista prefere não fazer qualquer referência nesse sentido. Pelo contrário, se apodera do trabalho de outro gestor afirmando para toda a população que é obra de seu governo. Além disso, faz uma divulgação sempre com a intenção de reduzir ao nada as gestões que lhe antecederam. E esse tipo de discurso é o comum para Flávio Dino.

No entanto, quando algo de errado acontece, o governador comunista mostra outra característica sua que é a humildade para admitir erros. Pelo que disseram os governistas, a inauguração da nova adutora foi uma determinação do governador Flávio Dino, segundo afirmou nota da Caema. Entretanto, quando houve o rompimento, a nota oficial da gestão muda o rumo da história.

Na nota, o governo coloca a culpa totalmente do vazamento nas empresas privadas contratadas. A obra inaugurada pelos comunistas era obra e graça de Flávio Dino não das empresas contratadas. O erro, não. Esse não.

Mas para uma gestão que nunca se desculpou pelo assassinato de um trabalhador em Vitória do Mearim, considerando-o como bandido pelo governo em nota oficial, imagina deixar a população de São Luís sem abastecimento de água.

Estado Maior

Em silêncio

por Jorge Aragão

Os escândalos na Secretaria Estadual de Saúde (SES) ficarão, ao que parece, sem nenhuma resposta do governador Flávio Dino (PCdoB). Isso porque o comunista decidiu se calar completamente sobre a lista de funcionários fantasmas enviada para o governo pela Polícia Federal (PF) e também pelo silêncio em torno do vídeo que mostra a discussão da deputada aliada do comunista, Ana do Gás, exigindo que fossem registrados pontos de presença de servidora em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), mesmo sem esta não comparecer ao trabalho.

O silêncio de Flávio Dino em relação a Ana do Gás já era esperado. O comunista usa a mesma estratégia quando da denúncia contra outro aliado, Levi Pontes, deputado do PCdoB, flagrado negociando pescado comprado pela Prefeitura de Chapadinha para benefício político seu. Dino não somente silenciou sobre o deputado, assim como seu partido também. Na verdade, o governador silenciou sobre o caso somente para a sociedade, pois nos bastidores políticos ele usou sua força para livrar o deputado aliado de denúncia na Comissão de Ética da Assembleia. E no caso de Ana do Gás, se preciso for, Flávio Dino agirá da mesma forma.

Já em relação à lista da PF, o que causou estranheza foi o recuo do comunista após a polícia apresentar a lista com os 424 servidores fantasmas da SES. Antes da lista ser encaminhada ao governo, Dino usava as redes sociais para debochar e tentar desacreditar a PF alegando que de fantasmas existia somente a lista que nunca tinha sido apresentada.

Só que os fantasmas da Saúde existem e, pelo andar da carruagem, permanecerão assombrando o dinheiro público, que cai de forma ilegal em suas contas bancárias.

Coluna Estado Maior

Renegados

por Jorge Aragão

A decisão do governador Flávio Dino (PCdoB), de apoio à candidatura do deputado federal Weverton Rocha (PDT) ao Senado – e o iminente apoio também ao deputado José Reinaldo Tavares (PSB) -, jogou para escanteio não apenas o deputado federal Waldir Maranhão, como também sua colega Eliziane Gama (PPS).

Tanto Eliziane quanto Waldir assediavam Flávio Dino pelo apoio às suas candidaturas. Maranhão dizia ter o compromisso de Lula e do PT para viabilizá-lo. Eliziane conseguiu até o apoio oficial de sua igreja, a Assembleia de Deus. Dino, no entanto, sucumbiu à pressão nacional do DEM e do PDT e acabou por usar o pragmatismo, escolhendo Weverton e Tavares, garantindo, assim, tempo suficiente na propaganda eleitoral.

Para Eliziane Gama e Waldir Maranhão resta agora apenas um caminho: mostrar que estão mesmo dispostos a concorrer ao Senado e buscar aliança com outros candidatos a senador. E há muitas chapas fortes, como a do senador Roberto Rocha (PSDB), a da ex-prefeita Maura Jorge (PODE) e a do deputado estadual Eduardo Braide (PMN).

Mas é pouco provável que tanto Eliziane Gama quanto Waldir Maranhão estejam mesmo falando sério quando dizem querer disputar o Senado. Para ambos, a pressão tem o objetivo – dizem analistas – apenas de receber de Dino garantias para suas reeleições à Câmara Federal. Caso contrário, teriam eles se manifestado desde sexta-feira, quando saiu o primeiro anúncio.

Mas preferiram o silêncio até agora.

Estado Maior

Cenário de fracasso

por Jorge Aragão

Por qualquer aspecto que se analise, a pesquisa do Instituto Vox Populi sobre a corrida eleitoral maranhense – a primeira de uma empresa nacional sobre o próximo pleito – mostra o fracasso retumbante do governo Flávio Dino (PCdoB), prestes a completar o terceiro ano de mandato. Os números revelam que a população maranhense não engoliu, ou decepcionou-se, com o discurso da mudança comunista pregada em 2014.

Dino tem pouco mais de 1/3 do eleitorado maranhenses, o mesmo que a ex-governadora Roseana Sarney (PMDB), fora do poder há quatro anos e só agora anunciada pré- candidata ao governo.

Talvez até por saber os números do Vox Populi – mesmo porque tem institutos trabalhando para si quase que diariamente. – é que Dino começou a multiplicar por mil ações questionáveis e nada republicanas. Nos últimos dias, a tônica de suas ações é marcada por cooptação de partidos e lideranças em troca de cargos, liberação de convênios milionários a prefeituras vinculadas aos partidos de sua base, além do aliciamento claro de emissoras de rádio, jornais, blogs e emissoras de TV no interior.

O Instituto Vox Populi mostra um cenário ainda mais tenebroso para Flávio Dino em São Luís. Na capital, ele tem apenas a terceira colocação entre os candidatos a governador, perdendo para Roseana e para o deputado Eduardo Braide (PMN), que nem definiu se será candidato.

A população maranhense precisa agora ficar alerta com o nível de endividamento do governo, o gasto desordenado de recursos públicos e a compra de votos. Porque, já está claro por suas próprias ações, Dino vai fazer de tudo para se manter encastelado no Palácio dos Leões.

Estado Maior, com edição do Blog

Dinheiro que faz falta

por Jorge Aragão

A revelação da Polícia Federal de que a Operação Pegadores encontrou indícios de desvios de, pelo menos, R$ 18 milhões da Saúde do Maranhão – “pelo menos”, porque pode ser mais – pode ajudar a responder uma pergunta que se faz desde o início do governo Flávio Dino: por que os serviços nos hospitais da rede estadual pioraram tanto nos últimos anos?

O fato é que o dinheiro desviado faz falta. Faz falta, por exemplo, porque a “folha complementar” descoberta pelos federais era quitada com verbas direcionadas a pelo menos três unidades hospitalares do Maranhão.

De acordo com as investigações da PF, os recursos para os pagamentos “extras” saíam do Hospital Geral (Tarquínio Lopes Filho), do Hospital Presidente Vargas e da Unidade Mista do Maiobão.

A informação consta de planilhas encaminhadas por um funcionário do ICN à Secretaria de Estado da Saúde (SES), ainda em 2015, e são exatamente aquelas que chegaram às mãos do então subsecretário de Saúde, Carlos Lula, hoje titular da pasta.

Ainda de acordo com a PF, com o fim do contrato entre a SES e o ICN, outros institutos assumiram o pagamento dessa folha, gradativamente, até ela ser assumida pela própria administração estadual.

O resultado desse desvio ainda é sentido na rede estadual de Saúde: no Hospital Geral, por exemplo – unidade especializada no tratamento de Câncer -, está em falta desde o início do mês passado o medicamento Aromasin (Exemestano). Uma caixa dele, com 30 comprimidos, custa aproximadamente R$ 600,00. O remédio é de uso contínuo, principalmente para quem trata câncer de mama.

Mas a SES deixou faltar. Só nunca faltou verba para a “folha complementar”.

Estado Maior