indiosDe O Estado – O líder indígena Uirauchene Soares afirmou ontem, and em contato com O Estado, que os índios que mantiveram­se acampados por mais de uma semana em São Luís, no início do mês, podem voltar a ocupar a Praça Dom Pedro II, no Centro, e a Assembleia Legislativa.

Eles protestaram na capital pela reativação do conselho indígena de educação, por cursos de formação continuada para professores indígenas, por novos contratos para diretores, zeladores e vigias, além do pagamento do transporte escolar. Mas decidiram encerrar a manifestação após um acordo com o Governo do Estado, mediado pelo Ministério Público Federal (MPF), pela Seccional Maranhense da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB­MA) e por deputados membros da Comissão de Direitos Humanos (CDH) da Assembleia Legislativa.

Segundo a liderança, indígena, no entanto, pelo menos dois pontos do acordo ­ que contém dez itens ­ não foram cumpridos, o que pode provocar o reinício do movimento.

Um dos pontos do acerto era o pagamento de uma das empresas que fazem o transporte escolar indígena na Aldeia Bacurizinho, em Grajaú. A quitação deveria ocorrer na terça­feira. Uirauchene diz que o Executivo não honrou o compromisso.

Além disso, ele reclama que a OAB­MA não encaminhou o áudio da reunião de conciliação, ocorrida na sede da entidade, no fim da semana passada.

“Não cumpriram o acordo e a OAB não deu o áudio da reunião, como foi acordado em ata. É muito suspeita essa atitude. Vamos voltar com 20 ônibus cobrar desse governo mentiroso e propineiro”, disparou o indígena.

Ele ainda acusou o governo de haver fraudado a ata da reunião que consolidou o acordo, supostamente incluindo pontos que não foram discutidos. Ele cita nominalmente o secretário de Assuntos Políticos e Federativos, Márcio Jerry. “O Márcio Jerry e sua turma fraudaram a ata, criando um documento anexo [não discutido na reunião da OAB]. Não vamos recuar. Vamos ficar acampados de novo, em frente ao Palácio. Com ou sem polícia”, ameaçou.

Governo – A O Estado Márcio Jerry negou as acusações de fraude à ata, e garantiu que estão sendo feitos pagamentos às empresas que realizam o transporte escolar indígena. “A ata foi assinada por todos, menos por ele [Uirauchene Soares]. Todos saíram com cópias e é fácil atestar que, mais uma vez, ele mente. A ata foi lida em voz alta, revisada em texto impresso e depois assinada. A OAB tem a íntegra do áudio”, disse Jerry.

Ele também citou os pagamentos e relatou que atrasos devem­se à ausência de certidões negativas da Fabíola S. Carvalho/ME, empresa credora do Estado.

“Foram feitos, sim, pagamentos, só que, em face da disponibilidade financeira e da legalidade dos contratos analisados, outros pagamentos também precisam ser feitos”, informou.

O presidente da OAB­MA, advogado Mário Macieira, admitiu que “algum atraso” no repasse do áudio da reunião aos indígenas, mas ponderou que “isso não é motivo” para nova manifestação em São Luís.